Com seus primeiros livros esgotados, o escritor rondonopolitano Caio Ribeiro prepara o lançamento de MANIFESTO DA MANIFESTA na terça 21 de agosto às 19h na Academia Mato-grossense de Letras. Em São Paulo o livro será lançado na sexta 31 de agosto às 19h30 na Patuscada Livraria, Bar & Café. Em Cuiabá durante a noite de autógrafos haverá coquetel performático. Você está convidadx.
Luiz Marchetti –Terceiro livro para um escritor tão jovem. Você sente descrédito, algum preconceito etário?
Caio Ribeiro –Eu nunca entendi muito bem esta ideia de associar qualquer tipo de produção à idade. Se você é muito jovem e produz algo bom, vão te tachar de gênio, prodígio. Se você é muito velho, vão te chamar de lenda. Não acho esta espetacularização algo positivo, como se existisse uma faixa etária da boa produção de qualquer coisa, que vai dos 30-50 anos. E claro, já rolaram algumas situações de preconceito por ser muito novo, como se a pouca idade significasse menos estudo, ou menos propriedade para falar de algum assunto. O amadurecimento é um processo que acontece por toda a vida, mas existe um acordo invisível que faz com que ele seja uma exclusividade dos jovens, e que ao chegar a uma certa idade “você já está feito” e não precisa mudar. Acho tudo isso um erro.
Luiz Marchetti – OManifesto da Manifesta vem de onde e vai pra quem?
Caio Ribeiro – O Manifesto da Manifesta surgiu de uma pesquisa que estava fazendo com poesia e lambe-lambe. Comecei investigando a relação da poesia com o espaço, e saí por aí colando meus lambes pela cidade. Nesse período de pesquisa e experimentação, a escritora Marília Beatriz e eu fizemos uma série de lambe-lambes e os espalhamos pela UFMT. Foi muito bom. Também ministrei oficinas de lambe-lambe e poesia para crianças em parceria com o Sesc. Além da pesquisa com os lambe-lambes, o livro parte da ideia de manifesto, e também estudei alguns manifestos de escolas artísticas, principalmente o Manifesto Antropofágico. O livro foi escrito num tempo temeroso, um tempo em que algumas coisas precisam ser manifestadas e, principalmente, festadas. O livro vai pra quem vive aqui e agora, mas especialmente pra cidade, para os muros, para as paredes, postes, pra fora. Livro livre.
Luiz Marchetti – O livro objeto extrapola as convenções de livro convencional, enfatiza outras fronteiras com as artes visuais. O quanto o criador de arte híbrida em suas práticas experimenta literatura com outras expressões?
Caio Ribeiro- Desde O Colecionador de Tempestades, fui fisgado por autores como Silva Freire e Wlademir Dias-Pino, que traziam fortemente a ideia de uma nova abordagem para a poesia, para a palavra, para a letra. A geografia dos meus poemas é influenciada por uma visualidade da página, em que tudo importa. Não há uma tábua de mandamentos, mas a vontade de enxergar além. A própria ideia de lambe-lambe presente no livro já o leva pra outro lugar, pra arte urbana. Os versos, alguns levemente melódicos, trazem uma sonoridade musical. E este é o poder da literatura, o de não beber apenas dela mesma.
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