Cultura

Ciranda de Crioula enaltece a mulher negra

A partir desta sexta-feira (13), até o fim de julho, o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá Lázaro Pappazian (Misc) abre as portas para a nona edição da Ciranda de Crioula. Tendo como tema Terezas, a edição enaltece a figura da mulher negra com uma programação recheada envolvendo exposições, rodas de conversa, saraus e oficinas. A entrada é gratuita.

“O Ciranda sempre, quando faz esses atos de cirandar, é sempre em espaços públicos, já tivemos vários (…). Sempre é uma dança onde você convida quem está próximo a integrar aquela roda, para ser uma coisa integrativa, que é uma coisa da comunidade afro. Essa coisa de colaborar, do somar, do ajudar, do agregar, sabe? Um incentiva, um apoia, um faz e o outro ajuda”, explica Gilda Portela sobre o que há por trás das cirandas em entrevista ao Circuito Mato Grosso.

A nona edição da Ciranda de Crioula nasce com a vontade de enaltecer a mulher negra, trazendo, através da arte, grandes figuras ao longo da história, comemorando o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana, que é celebrado no dia 25. O tema “Terezas” remete à líder quilombola do século XVII Tereza de Benguela e comemora também o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, também celebrado no dia 25.

Promover as cirandas é sinônimo de promover a igualdade. “A gente compreende que a ciranda, como a religiosidade – tanto aqui quanto na África, você tem essa circularidade em que nos encontramos em um mesmo patamar. Quando você está ali, o respeito é mútuo e ali você se torna igual [ao outro]”, defende Cristóvão Luís Gonçalves da Silva (Cris do Pandeiro), coordenador do Misc.

Além de celebrar a cultura negra e promover igualdade, a Ciranda tem como objetivo demarcar território e principalmente empoderar a própria comunidade. Muitos negros em resposta à sociedade repressora tendem a negar suas próprias origens, negando aquilo que são. Com a Ciranda, é possível se reencontrar, se identificar como pertencente a essa comunidade e sentir orgulho disso.

Programação

Entre os dias 13 e 30 de julho, o público pode contar com a exposição das artistas Gilda Portella, Meg Marinho e Paty Wolf. A mostra “De Benguela, de Cuiabá, do mundo, Terezas” traz a figura da mulher negra “que reflete o que ela é e o que ela pode ser”, como aponta Paty em entrevista. Ainda e somente no dia 13, a partir das 19h, serão realizadas oficinas de dança afro e turbantes aos interessados.

No dia 21, entre 16h e 21h, a programação é extensa, antecipando a comemoração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Apresentação de afoxé, pintura ao vivo de quadros, sarau, cântico e dança sagrada, e também roda de capoeira, são algumas das várias atividades previstas para o dia.

Por fim, no dia 25 de julho, às 19h, acontece a exposição das fotografias de Isla de Castro e João Almeida de “Ciranda e Terezas Cuiabanas”. A programação completa você pode encontrar na página do Facebook “Ciranda de Crioula”.

Tereza de Benguela

Brasileira ou africana, não se sabe ao certo, muito menos sua idade, mas Tereza de Benguela foi uma importante líder para o Quilombo de Quariterê durante o XVII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso (atual Vila Bela da Santíssima Trindade). A Rainha Tereza, como era conhecida na época, coordenou um forte aparato de defesa e articulou um parlamento para que as decisões da comunidade pudessem ser tomadas.

A líder se tornou, com o passar dos anos, símbolo de resistência da mulher negra e sobrevive ao tempo como um dos grandes ícones para a comunidade. No Brasil, Tereza se tornou a figura representativa do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. Em 2014, foi oficializado também Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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