Cidades

Foliões se expõem mais às DSTs durante o carnaval

A época mais aguardada do ano para os brasileiros é, sem dúvidas, o Carnaval. O feriado prolongado transmite a sensação de que tudo é possível. Afinal, no Carnaval mulheres podem ser sereias, fadas e unicórnios, enquanto homens se transformam em super-heróis ou piratas. É também neste período que as paqueras acontecem com maior facilidade e a rua se torna o cenário perfeito para novos romances. Mas, apesar do calor do momento, é preciso sempre tomar cuidado.

Com a chegada do Carnaval e da curtição, os foliões se expõem mais às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), algo que preocupa profissionais da saúde. Jessé Alves, médico infectologista, explica que, durante o Carnaval, as pessoas tendem a terem múltiplos parceiros e, em alguns casos, relações sexuais desprotegidas. O resultado é que as “aventuras amorosas” fazem os números de pessoas infectadas com DSTs aumentarem, em especial com sífilis e gonorreia.

Segundo o especialista, isso se dá por alguns motivos: além de terem novos parceiros, elas ainda descuidam do uso da camisinha. “Existe uma associação com a ingestão de álcool e, às vezes, com o uso de drogas que também aumentam as chances de as pessoas terem relações sem preservativo”, disse.

Apesar de ser apenas três letras, a sigla HIV causa maior impacto em quem a escuta do que outras doenças sexualmente transmissíveis devido a sua gravidade. No entanto, ela não é a única DST que pode ser transmitida se as devidas medidas para se proteger não forem tomadas. “Mesmo o HIV não se transmitindo de pessoas que estão em tratamento adequado, não quer dizer que outras doenças não possam ocorrer”.

Jessé explica que tanto a gonorreia quanto a sífilis são muito mais fáceis de se transmitir do que o próprio HIV. “Elas têm um risco de infectar outro indivíduo mais alto do que o HIV, por causa da própria manifestação da doença. Em regiões genitais ou na boca, as lesões da pele podem ser transmissíveis”, contou. Dados do Ministério da Saúde ainda mostram que, somente em 2016, foram notificados 87.593 casos de sífilis adquirida, 37.436 casos de sífilis em gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita (quando a mãe infectada transmite a doença para o feto).

Por outro lado, o médico faz um adendo à prevenção da Hepatite B, doença sexualmente transmissível que pode ser evitada por meio da vacina disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). “É bom lembrar que adultos que não estão vacinados para a Hepatite B e que têm a possibilidade de ter relações sexuais com parceiros novos, devem se vacinar. Ela é uma doença potencialmente grave que pode levar a quadros crônicos, como cirrose ou câncer de fígado”, constatou.

PREVENÇÃO

O Ministério da Saúde lançou, na última terça-feira (6), a campanha “Prevenir é Viver o Carnaval #VamosCombinar” para alertar os foliões sobre o uso da camisinha. Neste ano, a iniciativa busca chamar a atenção dos jovens, que nesta época estão mais suscetíveis a contrair doenças, para a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis.

Para isso, o ministério aposta em vídeos e jingles que foram criados ao ritmo de axé, samba e forró para conscientizar sobre a importância do uso dos preservativos. Até agora, o Ministério da Saúde já distribuiu 106 milhões de preservativos masculinos, 200 mil preservativos femininos e 3,8 milhões de géis lubrificantes em estados e municípios de todo o Brasil, de maneira gratuita e acessível.

Os números alarmantes mostram que jovens estão usando menos camisinha, segundo a Pesquisa de Comportamentos e Atitudes e Práticas de 2013. No ano de 2004, cerca de 58,4% de jovens de 15 a 24 anos utilizavam a camisinha com parceiros eventuais. Em 2013 o número caiu para 56,6%. O uso de camisinha com parceiros fixos também reduziu: se em 2004 38,8% deles se protegiam com preservativo, em 2013 apenas 34,2% utilizavam a camisinha com namorados, maridos e afins.

Outro fato preocupante é que a incidência da AIDS cresceu em pessoas de até 29 anos de idade. Em um estudo comparativo feito entre os anos de 2006 e 2016, a porcentagem de jovens contaminados entre 15 e 19 anos cresceu impressionantes 175%. Na faixa etária de 20 a 24 anos, o percentual aumentou em 111%, e de 25 a 29 anos houve um crescimento de 17,5% nos casos de indivíduos que contraíram a AIDS.

Cada doença sexualmente transmissível possui uma manifestação diferente, podem ser elas manifestações locais na área genital com lesões ou presença de úlceras, corrimento uretral ou vaginal. Algumas DSTs possuem sintomas generalizados e elas variam de gravidade. Porém, para todas elas, a forma de prevenção é a mesma: o uso do preservativo.

É preciso ressaltar, contudo, que a camisinha garante a proteção de praticamente 100%, mas não impede o contágio de outras formas como o beijo, por exemplo. Portanto, é preciso ter cautela, e, se houver suspeita, buscar o diagnóstico de um profissional.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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