Cidades

50% das ligações feitas para o Samu são trotes

Infelizmente, nem todo mundo que chama o Samu está em busca de socorro. Quase a metade das ligações recebidas pela linha de urgência do serviço são trotes. A quantidade absurda somou 59.152 ligações (46,3%) das 127.704 registradas em 2017. São casos de crianças, jovens e adultos que gastam tempo para passar informações sobre falsos acidentes de trânsito, doméstico e sobre pessoas inexistentes com necessidade de atendimento médico de emergência. Os números são de levantamento realizado pela Central Samu 192.

“É um número muito alto considerando o que recebemos por ano, e só vem aumentando. Isso significa que os profissionais que atendem as ligações – a maioria de médicos prontos para colher e passar informações – ficam atados, porque não há como saber de imediato se é trote ou não”, explica a diretora da Central Samu 192, Bruna Karoline de Almeida Santiago.

A central, que atende a Grande Cuiabá e mais sete cidades do interior de Mato Grosso, recebeu, no ano passado, um mínimo de 10 mil ligações por mês, cerca de 330 por dia e 13 a cada hora. E mais ou menos 50% dessas ligações foram trotes. Cada atendimento dura até um minuto, tempo necessário para que a coleta de informações o tipo de ocorrência, situação da vítima, ou das vítimas, e a localização da ocorrência.

“A pessoa que liga para a gente não está em situação de dar detalhes sobre a situação, e ainda assim precisamos tirar dela as informações necessárias para saber que tipo de equipe vai sair para o atendimento, passar orientação de primeiros-socorros e ainda localizar onde está ocorrência, e daí passar para a equipe médica mais próxima do local. Tudo em um minuto”, diz o médico Felipe Augusto Santos Saragiotto, responsável pela equipe médica do Samu.

Cada saída de equipe para atender uma falsa ocorrência repassada por trote significa uma a menos ou tempo desnecessário de espera para atender as ocorrências reais.

Hoje, a Central Samu de Cuiabá e Várzea Grande tem uma equipe de motolância, (adaptação de ambulância em moto), cinco unidades básicas sem médico (três em Cuiabá e duas e Várzea Grande) e duas unidades médias, cada uma para cidade. Esse grupo atendeu 25.968 chamados de emergência em 2017. E outros 21.969 receberam orientação médica via telefone.

Além de Cuiabá e Várzea Grande, a Central Samu atende ocorrências em Juína, Poconé, Colniza, Chapada dos Guimarães, Brasnorte, Aripuanã e Cotriguaçu.

Em Mato Grosso existem dois tipos de ambulância, a básica e a avançada. A diferença entre as duas é que a avançada dispõe de uma equipe com médico, enfermeiro e socorrista para a hora do atendimento, enquanto a básica conta apenas com o enfermeiro ou técnico em enfermagem e o socorrista.

Cada profissional tem papel fundamental dentro da ambulância: o médico e o enfermeiro são treinados para atender, com agilidade, às mais diversas ocorrências. O socorrista, por outro lado, é o motorista do veículo que também é treinado para prestar socorro e, ainda, é considerado pelos companheiros como o guardião da equipe. “O médico e o enfermeiro são bons para o paciente, e o socorrista é bom para todos”, apontou José Carlos Soares Pereira, enfermeiro da ambulância.

Veja quando chamar o Samu

Na ocorrência de problemas cardiorrespiratórios;

Intoxicação exógena e envenenamento;

Queimaduras graves;

Na ocorrência de maus-tratos;

Trabalhos de parto em que haja risco de morte da mãe ou do feto;

Em tentativas de suicídio;

Crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito;

Quando houver acidentes/traumas com vítimas;

Afogamentos;

Choque elétrico;

Acidentes com produtos perigosos;

Suspeita de infarto ou AVC (alteração súbita na fala, perda de força em um lado do corpo e desvio da comissura labial são os sintomas mais comuns);

Agressão por arma de fogo ou arma branca;

Soterramento, desabamento;

Crises convulsivas;

Transferência inter-hospitalar de doentes graves;

Outras situações consideradas de urgência ou emergência, com risco de morte, sequela ou sofrimento intenso.

Quando não chamar o Samu 192

Febre prolongada;

Dores crônicas;

Vômito e diarreia;

Levar pacientes para consulta médica ou para realizar exames;

Transporte de óbito;

Dor de dente;

Transferência sem regulação médica prévia;

Trocas de sonda;

Corte com pouco sangramento,

Entorses;

Cólicas renais;

Transportes inter-hospitalares de pacientes de convênio;

Todas as demais situações em que não se caracterize urgência ou emergência médica.

Dicas para quem ligar para o Samu 192

Verifique a quantidade de vítimas, o estado de consciência delas e se alguma delas está presa às ferragens;

Ligue para o 192 e siga as orientações do médico regulador;

Sinalize as vias com galhos de árvore e triângulo de sinalização;

Em caso de acidente com motos: não toque nas vítimas, não retire o capacete;

Não dê água aos acidentados.

(Fonte: Ministério da Saúde)

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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