Irritados com o que consideram “lentidão” e “falta de compromisso” do governo com a questão agrária, os movimentos de trabalhadores rurais tomaram a decisão de se unificarem na jornada de lutas e prometem um Abril Vermelho muito mais vigoroso.
– Como a pauta agrária no início do governo Dilma não avançou, as desapropriações foram vergonhosas, pior índice dos últimos 16 anos, isso gera uma coisa conflituosa – analisou um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição.
O Abril Vermelho consiste em uma série de manifestações e ocupações feitas anualmente pelo MST para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 7 de abril de 1996 no Pará, e pedir agilidade na reforma agrária. O MST esteve engajado na campanha da presidente Dilma Rousseff e, em abril do ano passado, de acordo com Conceição, a relação com o novo governo ainda se definia.
– Como na campanha ela assumiu o compromisso de dar continuidade ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nós entendemos que seria dar continuidade às desapropriações – destacou.
No entanto, ao final de um ano de governo, de acordo com dados do MST, somente 22 mil famílias foram assentadas. Só do MST, há cerca de 100 mil famílias esperando pelas desapropriações de terra.
As ocupações das agências do Banco do Brasil, realizadas na terça-feira em vários municípios do Paraná, de acordo com o movimento, têm por objetivo demonstrar ao governo que as linhas de créditos destinadas à agricultura familiar não estão sendo suficientes e as condições de juros e pagamento não atendem às necessidades da população do campo.
Fonte: OGLOBO