Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus países e da prevenção e do tratamento oferecido aos usuários de drogas nas suas comunidades. Essa é a primeira vez que jovens participam de evento paralelo à reunião da comissão, que ocorre de 12 a 16 de março. A representante do Brasil vai embarcar hoje (10) para Viena.
Nascida em 1993, em Abuja, na Nigéria, Ruth chegou ao Brasil com os pais quando tinha 3 anos. A jovem estudou em escola pública, fala português, inglês e francês. Ela terminou o ensino médio no ano passado e está se preparando para prestar o vestibular. Sonha em cursar direito na Universidade de Brasília (UnB). “Vou fazer direito e mestrado em relações internacionais. Quero trabalhar com direito internacional. Tenho certeza que participar desse evento vai me abrir muitas portas”.
Os critérios para poder participar da seleção da ONU são a participação em oficinas de projetos sociais e a fluência em inglês. Ruth, que também tem cidadania brasileira, começou a participar do Programa Jovem de Expressão, na Ceilândia, há cerca de um ano. O grupo tem como objetivo reduzir a exposição pública de jovens entre 18 e 24 anos à violência por meio de atividades culturais. Mais de mil jovens já passaram pelo projeto, que existe há cinco anos. No grupo, Ruth participa de oficinas de break (dança da cultura hip hop) e hip hop.
Alguns meses após ser inscrita pela coordenação do Jovem de Expressão na seleção da ONU, um representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) entrou em contato com informando que ela tinha sido escolhida para representar o Brasil. “Para mim é uma honra. Até agora não acredito que, logo eu, sendo moradora da Ceilândia, consegui uma oportunidade dessas”.
Ao ser questionada sobre o seu discurso, Ruth disse que vai tentar transmitir aos outros embaixadores tudo o que aprendeu e debateu dentro do programa Jovem de Expressão. Segundo ela, na Ceilândia, muitas pessoas começam a usar drogas por volta dos 10 anos, por causa de más influências dos amigos e de parentes. “Na Ceilândia drogas são muito baratas e de fácil acesso. Vou representar o Brasil para compartilhar os meus conhecimentos e debater com outros jovens as soluções que diminuam e até mesmo acabem com o tráfico de entorpecentes”.
Além do Brasil, jovens do Peru, Quênia, Uganda, Tailândia, Paquistão e Sérvia também estarão presentes, acompanhados de instrutores dos programas locais dos quais participam. De acordo com a ONU, o evento servirá para fortalecer uma rede de troca de experiências entre jovens. A expectativa é que estes embaixadores da juventude sejam capazes de liderar e mobilizar seus pares em ações sobre drogas voltadas para a juventude.
Edição: Fernando Fraga
Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil