Coreia do Norte lançou um novo míssil a partir de uma área próxima da capital Pyongyang, que então sobrevoou o Japão e caiu no Oceano Pacífico, disseram nesta sexta-feira (15, pela hora local) autoridades japonesas e sul-coreanas.
Em comunicado, o Comando de Defesa Aeroespacial dos EUA (Norad) disse se tratar de um míssil balístico de alcance intermediário, que não ofereceu riscos a Guam ou aos Estados Unidos, e que o lançamento ocorreu a partir das proximidades de Sunan.
Os cidadãos japoneses foram alertados para ficar longe de qualquer material que possa ser destroço de míssil.
O Conselho de Segurança da ONU irá se reunir na tarde desta sexta para discutir o novo lançamento.
O gabinete presidencial sul-coreano também convocou imediatamente uma reunião do Conselho de Segurança Nacional. As tropas do país realizavam um treinamento de mísseis balísticos no Mar do Japão em resposta à provocação anterior do vizinho do norte.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que estava na India, regressou ao Japão e condenou duramente o lançamento. "A Coreia do Norte deveria entender que não haverá um futuro brilhante se ela continuar a seguir um caminho como este", afirmou.
Seu chefe de gabinete, Yoshihide Suga, disse que o Japão quer considerar diversas formas de resposta ao lançamento, e que ele foi problemático para a segurança dos aviões, porque ocorreu sem aviso.
Segundo a Casa Branca, o presidente dos EUA, Donald Trump, foi informado sobre o lançamento e o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, emitiu um comunicado no qual pediu cooperação de outros países, especialmente de China e Rússia, contra as ações do regime de Kim Jong-un.
"A China fornece à Coreia do Norte a maior parte de seu petróleo. A Rússia é a maior empregadora da mão de obra forçada norte-coreana. China e Rússia devem demonstrar sua intolerância a esses imprudentes lançamentos tomando ações diretas por conta própria", diz a mensagem.
Um usuário do Twitter postou uma imagem do alerta enviado no Japão:
Um outro usuário do Twitter postou um vídeo do alerta que soou avisando os japoneses:
ミサイル通過情報#Jアラート#国民保護サイレン pic.twitter.com/RggAia7ur0
— September 14, 2017
No dia 28 de agosto, a Coreia do Norte já havia lançado um míssil balístico que sobrevoou o Japão, em uma trajetória semelhante ao lançado nesta sexta, e também caiu no Oceano Pacífico. Naquela ocasião, o projétil – provavelmente um Hwasong-12 – se partiu em três pedaços e caiu a 1.180 km de Cabo Erimo, em Hokkaido. Ele teria percorrido uma distância de 2.700 km a uma altitude de aproximadamente 550 km.
De acordo com uma relação publicada pela agência sul coreana Yonhap, este foi o 14º lançamento de míssil realizado pela Coreia do Norte em 2017, incluindo um que falhou. O primeiro do ano aconteceu em 12 de fevereiro, com um Pukguksong-2, e o mais recente tinha sido o de 28 de agosto.
Cinzas e escuridão
Nesta quinta-feira (14), uma agência estatal afirmou que a Coreia do Norte ameaçou usar armas nucleares para "afundar" o Japão e reduzir os Estados Unidos a "cinzas e escuridão" por apoiar a resolução e sanções do Conselho de Segurança da das Nações Unidas (ONU) contra o mais recente teste nuclear do regime norte-coreano, segundo a Reuters.
O Comitê da Coreia para a Paz na Ásia-Pacífico, que lida com os laços externos e propaganda da Coreia do Norte, também pediu a dissolução do Conselho de Segurança, que chamou de uma "ferramenta do mal" constituída por países "subornados" que avançam sob ordem dos Estados Unidos.
"As quatro ilhas do arquipélago devem ser afundadas no mar por uma bomba nuclear do Juche. O Japão não é mais necessário para existir perto de nós", disse o comitê, em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal norte-coreana.
O Juche é a ideologia governista da Coreia do Norte que mistura marxismo com uma forma de nacionalismo isolado pregado pelo fundador do Estado, Kim Il Sung, avô do atual líder norte-coreano, Kim Jong Un, ainda de acordo com a Reuters.
Novas sanções
O Conselho de Segurança da Organização impôs, por unanimidade, a proibição das exportações de produtos têxteis do país e limitou as importações de petróleo em 11 de setembro.
As novas sanções são uma resposta ao sexto e mais poderoso teste nuclear do país dos últimos 11 anos, ocorrido em 3 de setembro, que marca mais um capítulo na escalada de tensão na região. Segundo o governo da Coreia do Norte, o teste com uma bomba de hidrogênio, que pode ser carregada no novo míssil balístico intercontinental, foi 'bem-sucedido'.
Preocupada com a situação na região, a comunidade internacional condena as ações e considera os programas nuclear e balístico da Coreia do Norte violações contra as resoluções da ONU. Face às novas sanções, o governo norte-coreano ameaçou acelerar os programas nucleares do país.
A China, único aliado real do regime, pressiona o governo econômica e diplomaticamente a se desarmar. Porém, os Estados Unidos não descartam usar a força militar contra o regime depois que a Coreia do Norte ameaçou atacar o território americano de Guam (uma ilha no Pacífico em que os americanos mantêm uma base militar) e o Japão.