A campanha de Lúdio Cabral (PT) ao governo de Mato Grosso, de 2014, foi, em parte, financiada com dinheiro de desvio de venda ilegal de combustível. A informação consta da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que aponta a negociação de dois milhões de litros de óleo diesel repassados pela Petrobrás para cobrir dívidas fiscais com o Estado. Cerca de R$ 3 milhões entraram nas contas de campanha do petista.
O combustível foi vendido de modo clandestino para por um empresário identificado pelo nome Kaká, que, segundo depoimento de Silval Barbosa, não tinha conhecimento da transação irregular e por valor abaixo do preço do mercado da época.
De acordo com o texto da delação, a movimentação do dinheiro arrecadado com a venda do combustível ficou sob a responsabilidade do ex-secretário de Transporte e Pavimentação Urbana, Valdisio Juliano Viriato, preso em fevereiro deste ano na Operação Sodoma sob a acusação de participar de esquemas montados por Silval Barbosa.
A escolha pelo financiamento da campanha de Lúdio Cabral teria sido feita para cobrir a suspensão de dinheiro que seria enviado pela executiva do PT para quitar as dívidas da campanha. O débito em aberto estaria entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões. E Silval Barbosa teria prometido colaborar financeiramente com a campanha de Lúdio.
“O PT havia se comprometido de mandar de R$ 6 a R$ 7 milhões, mas mandou mandou apenas R$ 1 milhão. Como o colaborador [ da delação premiada, Silval Barbosa] já havia assumido o compromisso com Carlos Rael, a pessoa responsável pelo marketing da campanha [de Lúdio Cabral] e que foi secretário de Comunicação em seu governo, se sentiu obrigado a honrar o compromisso.”
Para Carlos Rael, o empresário Kaká teria repassado R$ 3 milhões sob a orientação de Valdisio Juliano Viriato. Silval Barbosa afirma que o coordenador também não sabia a origem do dinheiro.
Casa e propina
O dinheiro da venda do combustível também serviu para outras funções ilegais do ex-governador Silval Barbosa. Parte da quantia foi repassado ao deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) como pagamento da compra de uma casa em Jurerê Internacional, bairro nobre em Florianópolis (SC).
A casa estaria em nome do operador financeiro Valdir Piran, e Fabris ficou responsável por fazer a transferência para uma pessoa indicada pelo ex-governador Silval Barbosa. Mudança que não teria ocorrido.
Deputados da Assembleia Legislativa também foram abastecidos com o dinheiro. Segundo o delator, R$ 200 mil serviram para pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio às ações do Executivo entre 2010 e 2014.