O ex- governador Silval Barbosa (PMDB) acusa em sua delação o atual ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP) de usar o esquema de corrupção chamada ‘mensalinho’ quando era governador no período de 2003-2010. Segundo Silval, o ministro teria usado o dinheiro do esquema para pagar R$ 3 milhões ao ex-secretário de fazenda Éder Moraes para que ele mudasse o depoimento dado ao Ministério Público Estadual (MPE).
Conforme Barbosa, o ex-secretário pediu R$ 12 milhões para mudar o depoimento, mas Silval e Maggi reduziram o valor para R$ 6 milhões. “Éder Moraes disse que iria se retratar do depoimento feito ao Ministério Público Estadual (MPE), se o declarante (Silval) e o senador Blairo Maggi pagassem R$12 mi, mas conseguiram ajustar o valor para R$ 6 milhões. O declarante deixou claro que só pagaria o valor se Blairo pagasse a metade R$ 3 milhões. O valor só seria pago após a retratação de Éder Moraes”, disse Silval.
Segundo o delator, a parte da conta do atual ministro da Agricultura foi paga pelo empresário Gustavo Capilé enquanto era senador.
Outro lado
O ministro Blairo Maggi disse que não autorizou e nem fez nenhum pagamento a Éder Moraes e não atuou e nem recebeu dinheiro de forma ilícita.
Vídeo dos políticos de Mato Grosso recebendo mensalinho
Um vídeo divulgado no Jornal Nacional nesta quinta-feira (24) mostra deputados de Mato Grosso recebendo propina, o chamado mensalinho. As imagens foram entregues pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em delação premiada à Procuradoria Geral da República (PGR).
As imagens foram feitas pelo ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio César Correia Araújo. Em sua sala no Palácio Paiaguas, aparecem recebendo dinheiro o então prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), a atual prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB), o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP), e os ex-deputados Hermínio Barreto (PR) e Alexandre César (PT).
Nas gravações, Sílvio aparece entregando os valores em espécie aos parlamentares.
Em uma das imagens, o prefeito Emanuel Pinheiro aparece “enchendo” o paletó do terno que usava de dinheiro. Ele chegou a deixar cair uma grande quantidade no chão. Depois se ajoelhou para pegar. Os demais alocaram os recursos em caixas, pastas e bolsa.
As gravações foram entregues pelo ex-governador à Procuradoria Geral da República em acordo de delação premiada, já homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal. Elas subsidiaram os depoimentos de Silval aos procuradores.
Outro lado
Emanuel Pinheiro
O prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) disse que recebeu “com surpresa e indignação” a notícia de que o ex-governador Silval Barbosa, seu correligionário, teria divulgado um vídeo em que aparece recebendo dinheiro vivo supostamente de propina. As imagens foram exibidas em rede nacional na noite desta quinta-feira (25) e tiveram grande repercussão. Pinheiro está em viagem de serviços nos Estados Unidos (EUA).
“Recebo com surpresa e indignação a notícia veiculada a minha imagem, totalmente deturpada pela noticiada delação premiada do ex-governador do estado de Mato Grosso. Por tratar-se de processo judicial com caráter sigiloso o qual ainda não tive acesso e, por recomendação dos meus advogados, não vou me estender a esta acusação”, escreveu o prefeito em sua página no Facebook, por volta da 1h da madrugada desta sexta-feira (26).
Luciane Bezerra
A ex-deputada e atual prefeita de Juara (MT), Luciene Bezerra (PSB) disse que o dinheiro recebido no gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PDMB) foi pagamento de “negócio privado” feito “sem relação” com sua atuação política no cargo na Assembleia Legislativa.
“Olha, quando a gente participa dessas coisas [cargos públicos], se frequenta um círculo de pessoas que dão palavra. Eu tive a palavra [do grupo do ex-governador Barbosa], e isso [situação que aparece nas imagens divulgadas] foi um negócio privado, sem qualquer relação com a política. Eu, enquanto deputada, fui uma das únicas que fez oposição ao Silval”.
A ex-deputada, mulher do deputado estadual e Oscar Bezerra (PSB) e prefeitura de Juara, aparece dentre os parlamentares que teriam recebido propina durante a gestão de Silval Barbosa (2010-2014) em Mato Grosso.
“Fui pega de surpresa pela maldade dele [Silval Barbosa] de usar isso para tentar me incriminar. A minha história por si só fala a minha posição tanto como deputada quanto como prefeitura de Juara, onde está tudo que tenho, minha raiz está aqui”.
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