O deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) disse que a citação de seu nome na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa é mágoa por “abandono de 21 meses na prisão”. Amigos próximos e de longa data, Romoaldo sugeriu que as declarações de Silval são estratégias para não voltar a ser preso, e afirmou que irá comprovar que não teve envolvimento em nenhum esquema.
“O Silval sofreu na cadeia, ele ficou 21 meses presos. E deve ter se sentido abandonado, não só por mim, mas por outros deputados que o apoiaram no governo e não que foram visita-lo. Ele não quer voltar para lá, então há que se provar o que ele disse”.
O ex-governador apontou que o deputado estadual Romoaldo Junior foi beneficiado com propina de desvio de dinheiro da Copa do Mundo de 2014. O parlamentar teria recebido dinheiro da empresa responsável pela iluminação da Arena Pantanal, a Canal Livre Comércio e Serviços LTDA, e da Construtora Mendes Júnior.
A declaração consta no termo de delação do ex-chefe do Executivo, homologada pelo ministro Luix Fux, Supremo Tribunal Federal (STF), e divulgada na noite desta segunda-feira (21) no Jornal Nacional.
Silval relatou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que durante sua gestão o esquema de corrupção que organizou teria lhe rendido 3% de propina da Mendes Junior. Romoaldo também teria sido beneficiado com o a propina.
O acordo teria sido acertado pelo então secretário da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa).
Do dinheiro pago ao Romoaldo Junior, Silval disse ter recebido direto do parlamentar entre R$ 200 mil e R$300 mil. O montante teria sido utilizado para custear a reforma de uma pousada, que tinha vendido ao ex-governador.
Segundo Romoaldo, a pousada que vendeu à Silval recebeu uma reforma no ano de 2013, no entanto, o dinheiro utilizado na obra não seria de origem de desvios.
Em 2013, o Circuito Mato Grosso publicou, na edição 445, uma reportagem que apontava para influência de Romoaldo Júnior na negociação do governo com a Canal Livre como contratada para serviços de iluminação pública. Os contratos de obras para a Copa foram realizados por meio de RDC (Regimento Diferenciado de Contratação), que dispensa concorrência pública.
A então diretora da empresa, Eroyta da Silva Frison era correligionária do PMDB e Romoaldo ocupava a presidência da Assembleia Legislativa.
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