Para fazer o dinheiro render não basta buscar ajuda de uma corretora ou de um assessor financeiro.
Segundo o educador financeiro André Bona, na realidade é necessário ter muita atenção e tomar alguns cuidados ao investir por meio de bancos e corretoras de valores.
“É preciso estar alerta para não cair em armadilhas que, em vez de levar o aplicador a obter a rentabilidade desejada, poderão fazer com que ele deixe de ganhar um rendimento maior, que seria possível em outro ativo, mais adequado ao seu perfil, ou até levar prejuízo, caso não entenda o funcionamento da aplicação realizada”, destaca Bona.
O especialista aponta quatro cuidados, bastante práticos, para ajudar esse investidor a evitar ciladas e tomar decisões corretas para chegar ao melhor resultado em suas aplicações.
Confira:
1. Bancos e corretoras trabalham com comissões
Lojas de departamentos, que trabalham com as mais variadas mercadorias, de roupas a eletrodomésticos, ganham com a lucratividade dos produtos e, dependendo da loja, os vendedores também podem ganhar comissões, que podem variar de acordo com o produto ou marca vendida ao consumidor.
No mercado financeiro, a lógica é semelhante, embora nem sempre os investidores tenham noção disso.
As instituições bancárias e corretoras vendem produtos, como CDBs, LCIs, LCAs, entre outros, e ganham comissões sobre a comercialização das aplicações, as quais geralmente são emitidas por bancos, no caso da renda fixa.
Em princípio, não haveria problema nesse modelo de negócio. Mas é preciso estar alerta ao jogo de interesses que pode existir nas indicações para os clientes.
Por exemplo, nem sempre a recomendação de compra do gerente do banco é a mais adequada para as necessidades do correntista, embora seja para o profissional, que ganha comissão ou cumpre a meta interna visando beneficiar a empresa.
De forma semelhante, a atuação de uma corretora pode esconder interesses da própria entidade. Nesse caso, quando os analistas recomendam a compra de determinado ativo, pode ocorrer de receberem comissões sobre a venda de tal produto.
Além disso, em eventuais ofertas de ‘taxas zero’, possivelmente estão embutidas comissões, logo, pode haver um desconto na rentabilidade sem que o cliente final tenha consciência dessa tática.
Portanto, seja em bancos ou corretoras, o investidor deve estar atento para não assumir riscos desnecessários e não adquirir ativos que não trarão benefícios para ele.
É importante perguntar, de forma clara e objetiva, para o gerente do banco ou assessor de investimento, de que forma e em qual percentual ele é remunerado sobre cada produto.
2. Publicidade pode distorcer análises
Um investimento novo, complexo, feito especialmente para os mais sofisticados, com promessa de uma grande rentabilidade, pode atrair investidores distraídos.
Às vezes, os menos atentos ou gananciosos demais podem cair no chamado “canto da sereia”. Sem embasamento para tomar decisões e sem comparar os diferentes tipos de investimentos existentes no mercado, o investidor pode facilmente se deixar enganar por uma “embalagem” bem montada e, com isso, ter prejuízos financeiros.
Na hora de elaborar uma carteira de ativos, é indispensável que o investidor leve em conta a razão e não a emoção.
Por vezes, ao desejar demais determinado produto financeiro, a pessoa passa a enxergar somente os pontos que considera positivos da aplicação e, com isso, deixa de realizar um gerenciamento de risco eficiente.
3. Cuidados ao investir sem educação financeira
Quando se trata da gestão do dinheiro, qualquer erro pode representar prejuízos enormes. Ainda assim, não fazer nada, deixando, por exemplo, uma quantia parada na conta corrente, também pode levar a perdas devido à inflação.
Uma saída para aumentar o patrimônio, sem deixar de lado os cuidados ao investir, é obter conhecimentos específicos por meio da educação financeira, fazendo cursos, participando de palestras e lendo notícias sobre o assunto.
Com um nível satisfatório de conhecimento financeiro, o investidor entende, por exemplo, que não existe receita pronta quando se trata de recomendações de compra e de venda.
Na verdade, o investimento ideal dependerá da realidade de vida de cada pessoa.
Assim, o perfil de tolerância a risco do indivíduo, os objetivos e as necessidades dele é que irão determinar a escolha do melhor tipo de aplicação.
4. Atenção aos mecanismos de proteção
Bancos e corretoras são instituições passíveis de falência, portanto, é preciso ter alguns cuidados ao investir neles. Não adianta ter uma promessa de uma rentabilidade grandiosa se, na hora do resgate do valor aplicado, não houver dinheiro para sacar.
Embora tanto os bancos como as corretoras estejam sob fiscalização de entidades governamentais, como o Banco Central do Brasil (BCB) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o próprio investidor deve ficar atento a mecanismos de proteção dos ativos.
Quem aplica em instituições bancárias, por exemplo, pode contar com uma espécie de seguro, proporcionado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Com esse fundo, há uma garantia de reembolso de até R$ 250 mil, por CPF, em caso de falência do banco. Já em relação às corretoras, o investidor deve ter cuidado para não deixar o dinheiro parado na conta existente nessa entidade — ela deve ser usada apenas para transações temporárias.
É preciso estar consciente de que se a corretora vier a falir, mas o investidor já tiver comprado o ativo, as chances de conseguir o dinheiro de volta são maiores, dentro dos limites previamente estabelecidos para cada caso.
Em uma situação assim, a pessoa só precisa transferir a custódia dos ativos para uma nova corretora.
Contudo, se houver dinheiro parado em sua conta na corretora falida, há, sim, o risco de perda desses recursos.
Parte importante dos rendimentos de uma aplicação não depende do banco ou da corretora, mas dos cuidados ao investir.
Quando o investidor busca primeiro a educação financeira, para depois procurar investimentos que se encaixem na sua realidade e perfil, as chances de grandes retornos no longo prazo são maiores.