As contas da campanha de deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), das eleições de 2014, não foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. A análise já concluída pelo TRE-MT (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso) identificou indícios de irregularidades na prestação feita pelo deputado, incluindo a doação de R$ 500 mil feita pelo grupo JBS.
“A doação só apareceu na prestação de conta em segundo momento, quando já tínhamos identificado indícios de fraudes, e eles permaneceram mesmo depois. E a Justiça Eleitoral seguiu no parecer, reprovando as contas do Bezerra”, disse o coordenador de Controle Interno do TRE-MT, Daniel Taurines.
Ele afirmou que o deputado, reeleito ao cargo em 2014, não apresentou documentos suficientes para esclarecimento da movimentação financeira de sua campanha, e o processo julgamento no âmbito estadual foi levado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que também reprovou as contas.
No começo deste mês, a revista Época divulgou uma lista de parlamentares do Congresso beneficiados com doação de R$ 500 mil pela JBS para as campanhas de 2014. As informações foram divulgadas no contexto de delações realizadas pelos empresários Wesley e Joesley Batista, que confessaram ao STF (Supremo Tribunal Federal) o investimento irregular de dinheiro em campanhas eleitorais.
Ao Circuito Mato Grosso, à época, o deputado federal Carlos Bezerra confirmou ter recebido o dinheiro da executiva nacional do PMDB e disse que toda a bancada federal de Mato Grosso teria recebido a doação.
“Isso está registrado no cartório eleitoral, de jeito legal, oficial. Não só eu recebi como toda a bancada de Mato Grosso recebeu doação [da JBS]. É uma declaração desonesta dizer que o dinheiro foi repassado pelo [ex-deputado federal Eduardo] Cunha”.
Bezerra apontou que Neri Geller (PMDB-MT), foi beneficiado com a doação de meio milhão para a campanha de 2014. Ambos são citados em reportagem da revista Época, que divulgou uma lista de supostas doações ilegais.
A lista teria sido criada por meio de articulação do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Polícia Federal dentro da Operação Lava Jato. De acordo com Época, Cunha teria recebido R$ 30 milhões para compra de votos de deputados na eleição da Mesa Diretora da Câmara.
A lista de beneficiados por empresas mediante articulação de Cunha foi entregue por diretores da JBS ao Ministério Público Federal junto a outra leva de documentos que trazem à tona a compra indiscriminada de deputados para garantir a vitória do ex-deputado na eleição para presidente da Câmara, em 2015.
Ainda de acordo com a reportagem, a lista de beneficiados foi entregue por diretores da JBS à Justiça e joga luz num episódio que será capital na delação do ex-deputado federal Eduardo Cunha: a compra indiscriminada de deputados, sobretudo do chamado centrão, para garantir a vitória do peemedebista na eleição a presidente da Câmara, em 2015.
Na planilha não aparece valores. No registro de contas de campanha, Bezerra declarou ao TRE-MT ter recebido R$ 500 mil da JBS e mais R$ 500 mil por meio do diretório nacional do PMDB, totalizando R$ 1milhão.