O promotor Roberto Turin, presidente da AMMP (Associação Mato-grossense do Ministério Público) diz ver como “momento de retrocesso” as recentes críticas à entidade.
“Nós estamos vivendo um momento de avanço contra a corrupção e isso gera efeitos na sociedade e quando este ânimo aferrece surge um movimento contrário de grupos ou pessoas com interpretação rasa ou errônea da situação”.
A declaração ao Circuito Mato Grosso é uma resposta a artigo publicado pelo delegado Flávio Stringueta sobre suposto rateio de resíduo de duodécimo – dinheiro repassado pelo Executivo para outros Poderes para manutenção própria – para promotores.
No texto com título “Temer e os privilegiados”, o delegado emenda sua crítica à reforma da Previdência, em andamento no Congresso Nacional, a privilégios, segundo ele, que promotores possuem na estrutura do serviço público, com “dois meses de férias”, “auxílios moradia e livro”. Os itens são citados para ironizar a compreensão de privilégio mencionado pelo presidente Michel Temer.
Se desassociando do governo, o promotor Turin diz que a crítica faz “nivelamento por baixo” dos trabalhos realizados pelos promotores e outros servidores de categoria semelhante.
“Interpelamos o delegado judicialmente para sabermos de onde ele tirou essa informação [de rateio do duodécimo], pois ele diz que tem a fonte, e nós queremos saber. Por outro lado, é bom ressaltar que a crítica faz um nivelamento por baixo dos serviços dos promotores, que se dedicam muito a estudos e se expõem à insegurança durante seu trabalho. A sociedade precisa compreender isso.”
Turin afirma que os Ministérios Públicos, em todo país, enfrenta hoje reações em frentes diferentes, para inibir o avanço do combate à corrupção. A primeira tenta mudar a legislação sobre a atuação dos MPs com criminalização de ações de promotores; e a segunda são declarações institucionais de mobilização social contra as investigações.
“Isso não acontece só no Brasil. Na Itália, por exemplo, em momento de avanço de combate à corrupção houve aqueles que se manifestaram contra a atuação com declarações de contradições dos órgãos fiscalizadores. No Brasil, a crise econômica tem sido usada como fundo”.
A reportagem tentou conversar com o delegado Flávio Stringueta, mas os telefonemas não foram atendidos.