Quatro principais líderes que foram presos na operação “Ares Vermelho” nesta quarta-feira (17), são membros do Comando Vermelho, a maior fação criminosa dentro do estado de Mato Grosso. Além de dominar o estado, eles têm criado alianças com outras organizações criminosas para prática dos mais variados crimes.
Comandando furto de veículos, e utilizando golpes de compra e venda de automóveis e também a prática de estelionato com o golpe do estorno, a facção conseguiu angariar mais de R$ 1 milhão. O bando tem recrutado cada dia mais jovens para formar um verdadeiro exército da criminalidade.
O Comando Vermelho tem tomado conta dos principais presídios do estado, sendo eles Penitenciária Central do Estado (PCE), a maior unidade carcerária de Mato Grosso, no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), na Penitenciaria Feminina Ana Maria do Couto May, na Penitenciária Major Eldo Sá Correia, conhecida como “Mata Grande”, em Rondonópolis (212 km de Cuiabá), e a na Penitenciária Osvaldo F. Leite Ferreira, conhecida por “Ferrugem”, em Sinop (500 km da Capital).
No último mês, o CV-MT além de comandar roubos e furtos de dentro do presídio como investigado, os membros tem aterrorizado e executado pessoas de outras facções que não seja a deles, como por exemplo, integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Três mortes que aconteceram somente em Cuiabá, foram praticadas por integrantes do Comando Vermelho e gravada em vídeo, como espécie de recado as demais facções que pretendem agir no estado. Hoje o Comando Vermelho é a maior facção criminosa do Brasil e no estado.
O Comando Vermelho desde o dia 09, assumiu o comando de 24 bairros de Cuiabá, porém um membro do C.V que está detido na PCE, informou ao Circuito Mato Grosso que a decisão da ocupação dos bairros, ainda não está 100% definida, e que em breve a decisão final será tomada pelos membros.
Os bairros que o comando detém existem regras, para certos tipos de delitos e um conselho responsável por analisar as ações. O artigo 5º do estatuto do Comando Vermelho, deixa claro que punições irão haver com quem “´pisar na bola”.
“A Organização está acima de qualquer membro, interesses pessoais e não errar; Cortamos na própria carne as decepções, punindo sempre o errado, aquele que se omitir diante de erros de irmãos, é prevalecida sempre a razão. Para atingir o patamar de eficiência que almejamos o expurgo será constante quando se fizer necessário”, diz trecho do estatuto.
Em áreas dominadas pelo Comando Vermelho, é expressamente proibido roubar mulheres e celulares, farmácia, trabalhador e motos até 150 cilindradas, farmácias e comércio, sendo autorizado roubos a lotéricas, operadoras de celulares, bancos entre outros.
Membros descobertos em 2013
Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindespen-MT), João Batista, do membros da organização estão desde o ano de 2013 em Mato Grosso, quando foram identificadas as primeiras pessoas que compunha a organização criminosa.
Em maio de 2014, a Polícia Civil juntamente com o setor de inteligência dos agentes penitenciários realizou a primeira fase da operação Grená, quando apontou que o CV-MT contava com aproximadamente 350 membros dentro e fora das unidades prisionais. O grupo, embora vinculado à organização criminosa do Rio de Janeiro, nasceu com comando local. O líder maior em Mato Grosso sempre foi apontado como Sandro da Silva Rabelo, o "Sandro Louco", que atualmente cumpre pena em presídio federal.
João informou ao Circuito Mato Grosso que na primeira operação que teve, o governo foi omisso e agiu de forma errada e quatro anos depois, esse número já passa dos três mil membros.
“O governo na época não foi inteligente, primeiro que não havia vagas no presídio e grande parte dos principais membros da organização que foram identificados foram soltos e segundo que a estratégia do governo de transferir alguns integrantes para o interior do estado, achando que eles estariam isolados, só fez aumentar o poder do CV, que foi recrutando novos integrantes no interior e ramificando a organização”, informou João Batista.
Para João a falta de estrutura e condições de trabalho aos agentes, faz com que o número de membros aumente a cada dia.
“Não temos equipamentos suficientes e necessários para um maior controle dos presos, falta um maior efetivo para coibir certas situações. Apesar do Sandro Louco estar preso em uma unidade federal, o que dificulta sua ação, tem outros membros importantes do CV-MT que estão em unidades onde, visitas levam e trás informações, entram celulares e outros objetos, na verdade falta responsabilidade do governo com o sistema penitenciário”.
Exemplo disso segundo ele acredita, que atualmente quem tem tomado a frente do Comando Vermelho em Mato Grosso, é Renildo Nascimento homem de confiança de Sandro.
Outro erro apontado pelo presidente, é misturar detentos novos no mundo do crime, com presos “experientes” e que são de facções, pois segundo ele, é apresentada uma realidade totalmente diferente a esses presos, de luxo, poder no crime e respeito, e aí esses novos criminosos ficam vislumbrados com a situação e acabam virando novos “soldados” de facções.
João disse que deveria haver uma separação dos principais membros identificados como líderes dos demais presos. Na visão do presidente o ideal seria a construção de um presídio de segurança máxima no estado, para levar os principais membros identificados para lá. Outra solução seria aparelhar melhor os agentes penitenciários para ter um maior controle e coibição dos crimes de dentro do presídio.
Mesmo com 33 mandados de prisões cumpridos pela PJC, João informou que nem todos ficarão presos por falta de vagas no sistema penitenciário. Hoje a Penitenciária Central do Estado (PCE) tem capacidade para abrigar 859 presos e há 2.200 detidos. Porém fora isso de acordo com Batista existem no estado 39 mil mandados de prisões em aberto para ser cumprido.
Outras facções aliadas:
A Família do Norte (FDN) é a maior organização criminosa criada no Amazonas sob a liderança dos narcotraficantes Zé Roberto da Compensa e Gelson Lima Carnaúba, como reação ao controle exercido pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) nas atividades do tráfico. A partir de 2011, atritos entre PCC e FDN deram início a um confronto que eclodiu na Guerra entre PCC e CV em 2016.
Em 01de janeiro a Família do Norte foi responsável pelo 2° maior massacre da história do Brasil, quando degolou e esquartejou 56 traficantes rivais que faziam parte do PCC no Complexo Penitênciario Anísio Jobim.
Primeiro Grupo Catarinense, mais conhecido pela siglas PGC ou apenas G, é a maior organização criminosa do estado de Santa Catarina. O grupo comanda rebeliões, assaltos, sequestros, assassinatos e narcotráfico. A facção atua principalmente em Santa Catarina, mas também tem tentáculos em pelo menos três estados brasileiros (Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e na fronteira com o Paraguai, Bolívia e Peru.
Estima-se que o grupo possui quatro mil integrantes espalhados pelo território catarinense (50% em presídios e outros 50% em liberdade), com conexões inter estudais e internacionais. A facção não centraliza seu comando em apenas uma pessoa. Existe 40 líderes, divididos em 2 "ministérios".
O Sindicato do Crime do RN (Sindicato RN) é uma organização criminosa que atua dentro dos presídios e redutos de narcotráfico do Rio Grande do Norte. Assim como outras organizações do Norte e Nordeste do país, foi criada como reação ao controle exercido pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) nas atividades do tráfico. Em março de 2016, em uma série de rebeliões dentro dos presídios e atos de violência nas ruas de Natal, os membros do PCC foram reduzidos de 300 para 200. Atualmente o Governo e a Polícia de todo o Estado do Rio Grande do Norte tem como meta acima de tudo, extinguir grupos como esses e afins.
Comando Vermelho Rondônia (CV-RO) A Polícia Civil de Rondonia confirmou que membros do Comando Vermelho, organização criminosa comandada por Fernandinho Beira-Mar que está preso no Presídio Federal de Porto Velho estão fixados no estado. Durante as investigações que iniciaram a cerca de três meses foi descoberto que o grupo estava traficando maconha, oriunda do estado do Mato Grosso e cocaína peruana, novo tipo de entorpecente puro e vendido a 50 reais o grama.
As investigações da polícia apontam que o Comando Vermelho no estado de Rondônia era liderado por pessoas que já estão presas. Um deles é Luiz Carlos Bandeira, conhecido como Da Roça, que cumpre pena no Centro de Ressocialização Conel Sul e Pedro Vieira, apelidado por Matemático, preso no Urso Branco em Porto Velho.
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