A Petrobras estuda colocar em seu estatuto políticas que garantam a rentabilidade de suas operações, como a política de preços dos combustíveis. O objetivo é blindar a companhia de eventuais interferências do governo.
"Você pode esperar que faremos tudo para blindar as políticas que garantam retorno ou criação de valores aos acionistas e a todos que compram ações da Petrobras", disse o diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro.
A declaração foi feita em teleconferência com investidores na sexta-feira (11), quando respondia a pergunta de analista sobre a possibilidade de blindar a política de preços dos combustíveis.
Instituída em outubro de 2016 e revista em junho de 2017, a política de preços impede a venda dos produtos a valores inferiores aos praticados no mercado externo.
Foi implantada com o objetivo de evitar a repetição de prejuízos com a venda de combustíveis a preços mais baixos, procedimento que vigorou durante os governos do PT e é apontado como uma das razões para o elevado endividamento da companhia.
"Esta é a meta desta gestão, e tem sido já há algum tempo, por exemplo, adotar práticas e mecanismos que, usando sua expressão, blindam a companhia de intervenções inadequadas que podem reduzir sua rentabilidade", reforçou Monteiro.
Segundo ele, a empresa deve propor ao conselho de administração novas mudanças no estatuto, com o objetivo também de se adequar ao nível 2 da Bolsa de Valores de São Paulo, um ambiente de negociações com maiores exigências em termos de governança corporativa.
Procurada pela reportagem nesta segunda-feira (14), a Petrobras preferiu não comentar o assunto.
A gestão atual já promoveu mudanças nesse sentido. Em 2016, aprovou a criação de comitês estatutários e de regras para a contratação e nomeação de executivos, além da proibição de que o presidente da estatal possam também comandar o conselho.
A preocupação do mercado reside na possibilidade de alteração das políticas em caso de mudança de governo. Com a definição em estatuto, qualquer mudança precisa ser aprovada em assembleia de acionistas.
FREQUÊNCIA
Desde o mês passado, a Petrobras passou a adotar uma estratégia mais agressiva de reajustes, com a autorização para variações diárias e sem necessidade de aprovação pelo grupo gestor de preços, que é formado por três diretores.
O objetivo é garantir maior flexibilidade para que a área comercial concorra com combustíveis importados por terceiros, que vêm roubando participação de mercado das refinarias da estatal.
Desde então, o preço da gasolina foi ajustado 27 vezes –13 delas para baixo e 14 para cima. O diesel foi ajustado 29 vezes, 13 para baixo e 16 para cima.
A mais recente mudança passa a valer nesta terça-feira (15): queda de 1,4% no preço da gasolina e alta de 0,7% no valor do diesel.