Reflexos de uma amizade. Num Brasilzinho cheio de controvérsias políticas, é golpe-não é golpe-é golpe, a indústria criativa de nosso Estado corre atrás com as próprias pernas, braços, mãos e amigos. O reflexo de compartilhar inspirações e disciplina em desenhar desemboca também numa exposição ímpar. Nos dias atuais admiramos a capacidade de artistas em compartilhar processos e aprendizagens. Os artistas Sika e Gora convidam a todos para a abertura na quinta 22 de junho às 19h na Casa do Parque, serão 20 obras, 10 de cada criador. Entrada franca. INFO: (65) 3365 4789 e 98116 8083
SIKA & GORA: A proposta é mostrar o nosso ponto de vista em cima da arte, através da nossa leitura sobre o mundo e do que gostamos de registrar através do desenho. Decidimos expor o que estamos fazendo atualmente.
MARCHETTI: Vocês foram parceiros em crime, quando chamaram a polícia por estarem grafitando uma das obras da Copa. Como vocês veem hoje a arte de rua em nossa Cuiabá?
SIKA & GORA: Acreditamos que a partir daquele momento a arte na rua pôde ser discutida mais amplamente pelos mato-grossenses que, por muitas vezes, marginalizam este tipo de manifestação por falta de conhecimento deste conceito. Desta forma, percebemos que com esta troca de ideias os artistas de rua ganharam um pouco mais de espaço, mas ainda não é o suficiente. Há muito que se rediscutir e melhorar neste quesito, através de apoios, projetos e, claro, entendimento da sociedade de uma forma geral.
MARCHETTI: As obras foram feitas a quatro mãos?
SIKA & GORA: Fizemos de forma independente, por entender que temos um ponto de vista diferente que vai desde os traços até as referências. Tentamos buscar um tema que nos ligasse, mas achamos mais interessante expor o que tem nos inspirado ultimamente. Apenas uma das obras, que usamos como tema principal da exposição, fizemos juntos.
MARCHETTI: Qual o material utilizado para essas obras?
SIKA: Praticamente todas as minhas obras são feitas em nanquim. Mas ultimamente tenho usado algumas cores como detalhes da obra, com canetas-tinteiro, mas sem perder muito a essência do ‘monocromático’.
GORA: Pra essa exposição estou trabalhando bastante com giz pastel seco e lápis de cor, botando em prática recentes estudos de colorações e misturas, cores quentes e combinações inusitadas, sem deixar de lado o nanquim que sempre foi minha paixão.
MARCHETTI: Vocês se encontravam pra criar e buscar estímulos criativos pra compor estas peças?
SIKA & GORA: Sim! Diversas vezes trocamos ideias, até para encontrar este ponto em comum que temos. E o que vimos é que o que nos une é o amor pela arte e nada mais. Cada um tem o seu conceito próprio e achamos interessante expor desta forma. Nós decidimos nos unir pelo simples fato de gostarmos muito do que fazemos. Nos sentimos livres para expressar de forma independente os nossos traços, para que o público veja no mesmo tempo e espaço o que tem nos inspirado ultimamente e, acima de tudo, passar um pouco desta sensibilidade que nos une dentro de uma amizade que vai pra mais de dez anos, com trocas de experiências que passaram do pessoal para o profissional, mas sempre com muito amor e carinho com a nossa arte.
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