Política

Lula chama Joesley de “canalha” e diz que PT precisa discursar para fora

Foto Paulo Whitaker

Marina Dias, Catia Seabra e Angela Boldrini – DA FOLHAPRESS

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu em cinco ações penais, chamou de "canalha" o empresário Joesley Batista, da J&F, que, em delação premiada, disse que pagou propina no valor de US$ 150 milhões para Lula e Dilma Rousseff por meio de contas no exterior. A fala aconteceu na abertura do 6º Congresso Nacional do PT, em Brasília.

"Um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra Dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana [plateia ri]. Tá na hora de parar de palhaçada, que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento", completou o ex-presidente.

Ele repetiu ainda que "já provou" sua inocência e agora quer que "eles provem minha culpa". "Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal, esse eu quero decidir com o representante do Ministério Público da Lava Jato".

O ex-presidente também criticou o discurso do PT, geralmente focado na própria militância, e disse que o partido deve se reconectar à esquerda, radicalizando posições, se quiser voltar a governar o país a partir de 2018.

Lula admitiu que os últimos seis anos foram "os mais difíceis da história do PT" e pediu que os dirigentes da sigla parem de falar para eles mesmos e discursem para fora, para que a legenda "volte a despertar esperança".

"Não falem para vocês mesmos, falem para os milhões e milhões de brasileiros que não estão aqui e que precisam que o PT tome as decisões certas para voltar a despertar esperança", declarou diante de centenas de dirigentes petistas.

"2018 está longe para quem não tem esperança, mas, para nós, 2018 é logo aí, já começou e não estamos com medo. Vamos voltar a governar esse país a partir de 2018", completou o ex-presidente.

Até sábado (3), dirigentes do PT elegerão o novo presidente da sigla -que deve ser a senadora Gleisi Hoffmann (PR)- e discutirão as diretrizes do partido diante da crise que assola o país e o governo do presidente Michel Temer.

Lula disse que a legenda não pode "perder tempo" avaliando os governo Lula e Dilma, mas fazer um discurso "exequível". Disse ainda que é preciso "transformar o nosso discurso" e "radicalizar o que puder em defesa da liberdade". "Senão, a gente precisa fazer aliança com outros partidos, e não se faz aliança com quem perde, se faz com quem ganha", disse.

DILMA

Em seu discurso, a ex-presidente Dilma Rousseff defendeu as eleições diretas para substituir o presidente Michel Temer, sendo Lula o seu candidato, e disse que o país é "ingovernável" sem reforma política e a democratização dos meios de comunicação. Ela disse que, quando se rompe a Constituição, como no seu processo de impeachment, "tudo é possível".

"Perder eleição não é vergonha, vergonha é tentar ganhar no 'tapetão', sem voto", afirmou Dilma.

Segundo ela, as acusações que apareceram contra Temer eram de conhecimento de "todas as instituições de investigação" e que parte do Judiciário e do Ministério Público usa a lei para "guerra".

"E é isso que nós estamos vendo: o Executivo briga com o Ministério Público, o Ministério Público, com Judiciário e o Judiciário, com Legislativo", disse. "E cria-se um esfacelamento institucional, um esgarçamento dos direitos."

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões