Foto: Léo Martins
Viviane Araújo foi Garota do Fantástico, Garota Bumbum e Pantera do Carnaval, entre outros tantos títulos. Fez diversas participações em programas de TV. Quase virou a morena do É o Tchan em concurso no “Domingão do ‘Faustão”. Ficou milionária com o reality “A fazenda” e foi campeã da “Dança dos famosos”. Posou nua para dez revistas masculinas. É madrinha dos gays. Viu sua vida virar do avesso com os escândalos no primeiro casamento com Belo. Sagrou-se Rainha das Rainhas no carnaval carioca. E, finalmente, conseguiu seu lugar ao sol como atriz. Nesses 19 anos em que a Canal Extra está nas bancas, ela não parou de ser notícia.
Se quisesse, poderia gritar aos quatro cantos: “Vocês vão ter que me engolir!”. Mas não o faz. É na prática que quer mostrar o seu valor. Na pele da doceira Edith em “Rock story”, sua segunda novela na Globo, a atriz arrebatou o público e calou a boca dos descrentes. Vivi é pop, doa a quem doer.
Hoje, a morena assopra a velinha da milésima edição da Canal Extra, numa releitura do ensaio que fez para a revista número um, publicada em 5 de abril de 1998. Na época, com 23 anos, fazia uma participação em “Malhação”. Aos 42, Viviane tem orgulho da história que construiu. E muito o que comemorar!
— Em 1998, fui eleita pelo EXTRA a musa do carnaval. Antigamente, esse título era dado por um motivo especial; hoje, é por qualquer coisa. Para mim, sempre foi especial. E da Canal, desde esse primeiro ensaio, nunca mais saí das páginas (risos). Por isso, a revista tem um grande significado na minha trajetória. Foi o primeiro veículo que me consagrou — recorda Viviane, que ganhou o troféu de atriz revelação no Prêmio Extra por sua atuação em “Império” (2014).
E o que a artista reconhecida diria para aquela jovem modelo à deriva num mar de possibilidades?
— “Tá vendo? Eu te falei que ia dar tudo certo!”. E foi isso, eu acreditei de verdade. Sou a mesma pessoa, com os mesmos valores. Só que antes eu era uma menina sonhadora, não sabia o que queria e fazia tudo ao mesmo tempo, sem foco. Hoje, me sinto mais forte, tenho uma carreira, sei o que quero da minha vida e batalho muito.
Vista por muitos como um símbolo sexual, a atriz conta que já foi alvo de tudo quanto é tipo de assédio. Chegou até a receber proposta indecente.
— Foram muitas, de homens que me desejavam e achavam que podiam tudo. Uma vez, um cara ligou para o meu escritório oferecendo R$ 1 milhão para ficar comigo. Nunca me vi como um objeto sexual, e ter essa postura foi importante. Fui aprendendo e buscando o respeito, por mais que eu estivesse nua na capa de uma revista. Não sofro mais esse tipo de assédio — deixa claro.
Arrependimento é uma palavra que não consta em seu vocabulário, ela garante. Tudo valeu a pena:
— Fiz várias revistas masculinas, vídeos sensuais… Está tudo aí para quem quiser ver. Às vezes, postam fotos minhas nua, mas acho bonito. Não posso me envergonhar. Tudo o que aconteceu acabou me fortalecendo e me tornando mais decidida. Não faria diferente. As pessoas me admiram porque eu venci, e é legal ser essa referência. Sou movida à paixão!
Com relação à infidelidade, “o que importa é o respeito”, frisa Viviane, que não é adepta do relacionamento aberto.
— Conheço casais liberais, mas para mim não funciona. Sou muito ciumenta (risos) — avisa a carioca, dizendo não guarda rancor: — Sou frouxa. Não esqueço fácil, mas, quando gosto, perdoo.
Casada há dez anos com o jogador Radamés, numa das entrevistas que deu para a Canal Extra, ela comentou que, no primeiro ano de namoro, eles já estavam “se amando” e que foi “avassalador”. Essa chama, segundo a atriz, segue acesa:
— Somos muito amigos, parceiros. O Rada me tranquiliza, ele entende o meu trabalho. Não tem cobrança. Eu só sinto ele não poder estar mais presente por causa da profissão. Mas faz parte. Só digo que quero atuar até ficar velhinha.
Maternidade é um assunto que não sai da pauta. Vira e mexe, querem saber sobre filhos. Como a carreira de atriz começou tardiamente, ela não pretende deixar escapar as boas oportunidades e cogita congelar os óvulos:
— Não desisti de ser mãe, mas sei que pela minha idade não vai ser fácil. Tenho mais trabalho vindo por aí. Então, filho vai ficar mais pra frente. Pode ser que venha depois que termine a novela do Aguinaldo (Silva, autor, prevista para estrear só no ano que vem). Estou planejando congelar meus óvulos. Também penso em adotar. Mas, sinceramente, se eu não tiver, não será um problema.
Os bons trabalhos trazem não só reconhecimento, como engordam a conta bancária. Só no reality show “A fazenda”, ela ganhou R$ 2 milhões. De família humilde, Viviane é incisiva ao afirmar que não se deslumbrou com a fama nem com o dinheiro. Gasta, mas de forma consciente.
— Tenho pé no chão, minhas raízes. Gosto de ter o meu conforto, de poder comprar um sapato legal, mas sei aonde posso chegar. Administro bem meu dinheiro. Se eu comprar uma peça de grife, é porque eu posso. Não tenho muitos bens. Meu apartamento, um carro legal… Sou feliz em poder ajudar a minha família — ameniza ela, que aponta para os pés para mostrar o que considera sua maior loucura de consumo, uma bota da Louis Vuitton de mais de R$ 5 mil.
É da família que Vivi recebe apoio quando algo não sai como o planejado. No colo da mãe, dona Neuza, chora suas frustrações. Foi assim quando perdeu para Scheila Carvalho o concurso da morena do É o Tchan, e quando soube que sua personagem na novela “Império” seria menor do que foi divulgado:
— Quando eu perdi o concurso fiquei muito mal, chorei à beça. Liguei para a minha mãe na hora e ela me disse que não era para ser. Em “Império”, assim que soube que meu papel tinha diminuído, fiquei triste também, e ela mais uma vez me acalmou. Disse que o outro seria melhor, e não deu outra!
Seu pai, o ex-PM Jocenir (que morreu em dezembro de 2013, aos 71 anos), era o seu maior incentivador:
— Ele me acompanhava em tudo, tinha muito orgulho, até das minhas revistas nuas. Não tive uma criação liberal, mas eles não me proibiam de nada. Sempre me deram força. Não tem um dia sequer em que eu não me lembre dele. Meu pai ficaria feliz de me ver na TV.
Com uma lista extensa de concursos de beleza no currículo, a morena, formada em Educação Física, deixa claro que não há crise de idade. E admite já ter feito uso de anabolizantes:
— Já usei bomba, sim, hormônios. Foi numa época em que eu achava legal, estava na onda, não me arrependo. As pessoas te veem e acham que você é perfeita da cabeça aos pés, mas ninguém é, nem busco isso. Eu me sinto superbem, mas o corpo e a pele mudam, as rugas vêm, não tem jeito. Sou super a favor de correção para melhorar aqui e ali. Não me encano com isso.
Das passarelas da vida aos sets de gravação, a ex-modelo sabe que não vive só de aplausos. O preconceito existe e ela já o sentiu na pele. Mas nada que tenha abalado sua autoestima:
— Olhares atravessados, indiferença, isso eu já senti. Mas sou tão do bem que procuro cativar as pessoas que estão a minha volta. Então, não deixo isso chegar até mim. Na internet, às vezes, leio comentários do tipo: “Fulana está aí há tanto tempo e não consegue nada, e ela, que nem é formada, conseguiu um papel na novela das nove”. Não dou importância.
Até aqui, Viviane persistiu, não há como negar. Vive, igual a todo artista, de sucessos e fracassos. Mas, no caso dela, sem perder o rebolado jamais:
— Nunca pensei em desistir. Já cantei até em banda de forró (Chamego de Menina, em 2008) que não deu certo. Continuo firme e forte. Sou ariana!
Cenas dos próximos capítulos
Desde a sua primeira edição, a Canal Extra acompanha os passos de Viviane, na TV e no carnaval. A bela, que ganhou destaque interpretando a Rosinha da “Escolinha do Professor Raimundo” (1999) e consolidou a carreira de atriz como a Naná de “Império” (2014), hoje arranca elogios de público e crítica no papel de Edith, em “Rock story”. Seu ponto alto até agora foi a cena em que a personagem ouviu a filha Vanessa (Lorena Comparato) afirmar ser gay:
— Eu ainda tenho muito o que aprender, mas me sinto abençoada de ter conhecido colegas de trabalho tão incríveis. A novela vai deixar saudade!
Após o fim da trama, Vivi continuará com a agenda cheia. Em agosto, ela estreia o espetáculo “Lili Carabina, a estrela do crime”, de Aguinaldo Silva, em São Paulo. Subirá ao palco de peruca loura para encarnar a famosa assaltante, já vivida por Betty Faria no cinema. E sua volta à TV é certa na próxima novela do autor, “O sétimo guardião”, no papel de Neide, mãe da protagonista que será vivida por Marina Ruy Barbosa.
— Aguinaldo é um padrinho, sinto que ele tem orgulho de ter me dado oportunidade em “Império”. Serei eternamente grata — declara Viviane.
Fonte: ExtraGlobo