Foto: Circuito Mato Grosso
O ex-procurador-geral do Estado, Patrick Ayala, afirmou que lhe causou estranheza a convocação para ser testemunha de defesa do procurador aposentado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, réu na ação penal da 4ª fase da Operação Sodoma, uma vez que não teria qualquer vínculo com o acusado.
Nesta sexta-feira (5), Ayala compareceu ao juízo da 14ª Vara Criminal, mas foi dispensado pelo juiz Jurandir Florêncio Castilho Júnior, que ficou responsável por comandar algumas das audiências da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital – afastada da função por motivos de saúde.
Arrolado como testemunha de defesa de Chico Lima, Patrick disse desconhecer as razões pela qual poderia contribuir com o réu. “Desconheço efetivamente qual é a razão do réu ter acreditado que pudesse colaborar em algo com a sua defesa”, declarou.
Ele afirmou ter curiosidade sobre as intenções que teriam motivado a defesa de Chico Lima lhe indicar como testemunha. “Tenho a curiosidade de saber qual foi a intenção do réu. Não conheço as razões, como orienta a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], não compartilhou quais foram e permanece sem compartilhar agora porque fui dispensado sem razões”, disse Ayala.
PAD
O procurador relatou ter aberto um procedimento administrativo contra Chico Lima, para investigar possíveis irregularidades no cumprimento de sua função como servidor público. Questionado se sua convocação teria relação com tal investigação, Patrick disse que a Justiça Estadual não é o local adequado para se obter esclarecimentos relacionados ao procedimento interno.
“Como procurador-geral do Estado, determinei instauração de processo administrativo disciplinar contra o réu. E o réu se desejar algum esclarecimento, por meio de seu representante, deve procurá-lo perante a Corregedora-Geral da Procuradoria-Geral do Estado. Esse é o momento e espaço adequado para que ele esclareça todas as suas dúvidas e não com a minha convocação em audiência perante o juízo, sem qualquer esclarecimento”, afirmou Patrick.
Audiência de instrução
A audiência de instrução agendada para ouvir três testemunhas, os réus Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), João Justino Paes de Barros (ex-presidente da Metamat) e o empresário Antônio Rodrigues Carvalho. No entanto, o procurador Alexandre Luis César foi o único a ser ouvido pelo juízo da 14ª Vara Criminal. Patrick Ayala foi dispensado das oitivas pelo juiz e a testemunha de defesa de Levi Machado de Oliveira, Juarez Silveira, não compareceu.
Os réus tiveram as datas de seus depoimentos redesignados por conta da ausência da juíza que é responsável por todas as ações desencadeadas pela Operação Sodoma. Conforme os autos, Afonso Dalberto e Antônio Rodrigues Filho serão ouvidos no próximo dia 16 de maio.
Já João Justino será ouvido posteriormente na mesma data em que o ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, prestará depoimento – 17 de maio.
Sodoma 4
A quarta fase da Operação Sodoma, deflagrada pela Polícia Civil em setembro de 2016, investiga suposto desvio de dinheiro público, por meio da desapropriação de um terreno no Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
O alvo das investigações nesta fase da Sodoma foi um esquema de cobrança de R$ 15,8 milhões envolvendo a desapropriação de uma área de 55 hectares situada no bairro Jardim Liberdade em Cuiabá que custou aos cofres públicos o valor aproximado de R$ 31 milhões. O imóvel estava avaliado em R$ 17,8 milhões.
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