Economia

Todo negócio precisa de marketing

“Uns choram e outros vendem lenço”, dizem alguns sobre os tempos de crise. Em Mato Grosso foram 3,3 mil empresas fechadas no ano de 2016 segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC). Em contrapartida, foram abertas no Estado 34 mil empresas.

A crise enfrentada em 2016 pelo setor empresarial abalou várias empresas tradicionais do nosso Estado, mas também fortaleceu e abriu outras. Para o consultor de marketing Dino Gueno, tanto para a abertura quanto para o fortalecimento da marca é preciso adotar estratégias de marketing.

“A grande pergunta é: como na mesma crise e dificuldade há empresas fechando e outras abrindo e crescendo? O que determina quem vai existir no futuro, está muito ligado à adaptação da empresa ao que o cliente quer. Muitas das empresas que fecharam não tiveram habilidade de entender o que o cliente está falando, como ele quer, de que maneira, que preço ele quer. As empresas que não entenderam isso estão fechando, as empresas que entenderam estão abrindo e crescendo”, diz o consultor.

O mercado, segundo Gueno, funciona como o darwinismo: sobrevive quem se adapta ao ambiente e não quem é o mais forte. “Quando o marketing olha para o cenário econômico, para as tendências, é pró-microambiente… Que pressão que o cliente exerce sobre o seu negócio, o ambiente de concorrência… As espécies que sobrevivem não são as mais fortes, mas as que melhor se adaptam”, reflete.

Uma dessas adaptações diz respeito ao gerenciamento de crise. Os empresários ficam de “cabeça quente” quando uma reclamação vai parar em grupos nas redes sociais e a má fama difundida.

“Se você era bom em ouvir e tratar o cliente, você será bom agora. Se não era, você vai ter um desafio. Porque a rede social não é só reclamação. A rede social é um canal de relacionamento com o cliente. Se o cliente fizer alguma reclamação, você pode levar para dentro da empresa como forma de consultoria”, sugere.

Pesquisa

Recentemente, a Confraria de Profissionais de Marketing de Mato Grosso, da qual Dino Gueno é presidente, realizou uma pesquisa com 60 profissionais ligados ao marketing e pessoas do setor empresarial no Estado para um diagnóstico de desafios da gestão e uso das ferramentas do setor.

Algo que chamou a atenção da instituição é o fato de que 90% das empresas entrevistadas direcionam seus esforços em conquistar novos clientes e apenas 10% em manter os atuais.

Para Dino, esse tipo de gestão dificulta a construção de vínculos de recompra e não estabelece um relacionamento para que a empresa continue como a opção preferencial no futuro. “Qual o perigo desse modelo? Em sempre estar gastando para trazer gente nova e não para tratar seu cliente antigo. É um modelo caro, e em tempos de crise é a pior receita que você pode adotar”, revela Gueno.

Para o presidente da Confraria, quanto mais tempo um cliente permanece como consumidor dos serviços, mais lucrativo ele se torna para a empresa. “Quando eu trato o meu cliente e acompanho sua vida, eu vou crescendo com você e com a sua renda, a sua família a sua casa… E tem outro ponto: você começa a acreditar mais em mim e a me indicar. Só tem vantagens”, ressalta.

Outro resultado importante da pesquisa realizada é sobre as atitudes a serem tomadas para vencer no próximo ano, marcado pelas inseguranças econômicas e políticas. Notou-se que há uma lacuna entre debater questões relacionadas ao marketing e a real prática.

Em 56,7% das empresas ligadas aos profissionais pesquisados, as decisões de marketing têm médio ou baixo impacto no crescimento delas (11% baixo e 45% médio).

Para Dino Gueno, ainda há muita confusão sobre a real função do marketing nas empresas e o que esperar de um profissional desta área. "Pode-se ter a impressão que um profissional de marketing seja um profissional caro, mas caro é diminuir o tamanho da sua empresa; caro é perder clientes; caro é ofertar um produto ou serviço que o cliente não quer comprar. Inteligência é barata a partir do momento em que você torna sua empresa mais assertiva, e isso para mim é uma ótima relação custo-benefício".

Confraria

A confraria nasceu de um desejo de Dino Gueno e amigos de reunir profissionais da área para debater o mercado, soluções e trocar informações. “O nosso objetivo central é ser uma inteligência coletiva. Ou seja, através da expertise de cada associado, através da troca, nós vamos criando uma inteligência comum, e o objetivo final é fomentar o debate do papel do profissional do marketing”.

Atualmente, a Confraria conta com mais de 30 profissionais de marketing de diferentes setores como serviço, associação, supermercado e consultores. Para se filiar à Confraria é necessário ter formação em marketing ou áreas correlacionadas, além de experiência comprovada em departamento de marketing e ter exercido um cargo de liderança.

Duas vezes ao ano, a instituição investe em eventos voltados a empresários e a profissionais. O próximo será no dia 9 de maio, em comemoração ao Dia do Profissional de Marketing. Nele, a professora coordenadora do MBA da ESPM em economia comportamental Flávia Ávila e um empresário de nível nacional dialogaram com empresários e marqueteiros de Mato Grosso.

Para mais informações: www.cpmmt.com.br

Cintia Borges

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