Foto: Ahmad Jarrah
O deputado federal Victório Galli (PSC) foi acionado em uma ação civil pública por conta das declarações de intolerância a comunidade LGBT. A ação requerida pelo defensor público estadual Willian Zuqueti propõe uma indenização de R$ 500 milhões, por conta das críticas à Disney, por exibir um beijo gay em um de seus desenhos.
Dentro das 75 páginas do processo, protocolado nesta quarta-feira (29), o defensor aponta Galli como homofóbico, uma vez que profere “discursos de ódio pelos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros”.
Em defesa a comunidade LGBT, Zuqueti ressaltou que a violação explícita a direitos fundamentais promovida pelo deputado seria por “visibilidade política”. “Sua atuação política dentro e fora da casa legislativa se limita a categorizar, inferiorizar e ridicularizar todos cuja orientação do desejo está voltada para pessoas do mesmo sexo”, pontua o defensor.
Willian Zuqueti detalhou a atuação do parlamentar nos três anos de mandato na Casa Federal, na qual, em 13 seções, suas manifestações estão ligados a discursos que perpetram “a marginalização aos GLBTs”.
“Para ele, os GLBTs não teriam atributos positivos, sendo párias, inconvenientes, ofensivos e com traços de pedofilia. Se define pertencente a uma maioria(superioridade racial) que deve combater uma minoria(inferioridade racial)”, alegou o defensor.
Na ação, o defensor incluiu a entrevista de Victório Galli à Rádio Capital FM, de Cuiabá, na qual o deputado alegou ter feito estudos profundos para concluir que a Disney e o Mickey fazem apologia ao "homossexualismo". “Inclusive o Mickey, ele é homossexual, há uma mensagem subliminar para enganar as crianças”,disse o parlamentar conservador, em trecho da entrevista.
Junto às entrevistas foram expostas imagens que foram veiculadas em redes sociais. Em contrapartida as manifestações do deputado, também é mostrado o outro lado de quem sofre com a homofobia, com notas de repúdio de associações e conselhos ligados à comunidade LGBT. O relato de 30 casos de mortes de travestis e transexuais nos três primeiros meses do ano também foi anexado.
Por fim, o defensor público requereu a determinação de que Galli seja proibido de se pronunciar sobre assuntos referentes à comunidade LGBT, sob pena do pagamento de multa de R$ 50 mil por cada declaração.
Direito de opinião
Ao Circuito Mato Grosso, o deputado federal Victório Galli afirmou que não foi notificado quanto ao processo, mas já tinha ciência de que seria processado. “Ainda não fui notificado, mas não tem problema, o meu advogado vai trabalhar em cima disso e vamos responder a altura”, garantiu.
O deputado ainda negou que atue no sentido de marginalizar a comunidade LGBT na Câmara Federal
“Eu sou contra as pessoas quererem fazer apologia ao homossexualismo às nossas crianças. Defendo a inocência delas, é em cima disso que eu trabalho”, mas pontuou a sua ideologia. “Agora, se a pessoa quiser ser homossexual, gay, lésbica, sendo maior de idade, ele tem o seu direito, ele tem que ser respeitado. Só que eu não concordo. Casamento pra mim é entre homem e mulher”, ressaltou Galli.
“Eu só falo em cima do meu direito de dar opinião. Agora se me provar que tem uma Lei em nosso país que proíbe a gente de dar opinião, aí a gente tem que ficar quieto, né”, finalizou.