Cultura

‘Terceiro Sinal’ estréia neste fim de semana em A Casa do Parque

Observando a programação dos grandes teatros nacionais, não resta dúvida que o Brasil redescobriu os musicais. Essa mistura de músicos-atores, de cantores com personagens preocupados também com uma história a ser contada, cresce em todas as capitais.

Cuiabá, ainda que timidamente, não ficou de fora, recebemos e chegamos até a produzir alguns. Como neste momento somente temos musicais na telinha e na telona, a melhor dica para curtir ao vivo este gênero delicioso é assistir “Terceiro Sinal”, um pot-pourri de cenas clássicas de musicais que marcaram o sucesso de bilheteria mundial deste gênero.

Simone Pompeo, a diretora geral deste projeto, bateu um papo e adiantou pra gente o que significa escolher o que viu de melhor nesta grandiosa seleção. 

Marchetti: Você elaborou um recorte musical olhando para quem sabe fazer, os Estados Unidos. Você acredita que um dia poderemos ter um musical com uma cara universal, mas com ingredientes de nossa terra?

Há muito medo de se falar de folclore e cairmos num clichê, num cenário batido e com cara de paróquia regionalista. Seria possível criar um musical inspirado nas nossas referências, sem entrar no ‘folclore pra turista ver’?

Simone Pompeo: Acho que o Brasil vem procurando, a sua maneira própria, fazer teatro musical, sim, e é claro: a gente faz aquilo que pode e que dá! Até pouco tempo não tínhamos no Brasil essa "preocupação" de ser um artista completo, aquele que representa, canta, dança etc., que é o perfil de que se necessita para o profissional de teatro musical e que os EUA já fazem há muito tempo!

Em alguns países como a Hungria, por exemplo, desde o primeiro dia da criança na escola para alfabetização, ela já recebe também a alfabetização musical , segundo meu amigo e professor de Harmonia, o húngaro Ian Guest!

O brasileiro em si é um povo muito criativo, acho até que pela própria necessidade de sobrevivência e de ter que se reinventar sempre! Acho totalmente possível se fazer musicais com nossas próprias referências, como não? Estamos cheios de autores maravilhosos, dramaturgos etc., temos muitas histórias para contar, e por que não musicá-las e transformá-las em um espetáculo? Afinal a vida é só isso, um espetáculo!

Marchetti: Simone, com tantos músicos e atores profissionais no Estado, não está na hora de termos, no mínimo, um musical com uma orquestra profissional por ano, viajando por Mato Grosso?

Simone Pompeo: Sim, com toda a certeza. Aliás, esse é um sonho há muito acalentado e que apesar de termos a infelicidade de ver orquestras e bandas sinfônicas sendo fechadas, oficinas de música, como a de Curitiba, existente há 34 anos, o Civebra (Curso Internacional da Escola de Música de Brasília 2016), sendo cancelados ou voltando reduzidos, como foi o caso do Civebra 2017 (foi no Civebra que montei “Ópera do Malandro” com os alunos do curso, cantores, instrumentistas etc.) e todos pelos mesmos motivos: falta de verbas, redirecionamento de verbas e/ou irregularidades (fico imaginando se a moda pega…), a alma do artista nunca morre, nem a esperança e, se tudo der certo, esse sonho se tornará realidade em breve.

Mas também já nāo é hora de termos o nosso Teatro Municipal? Ou pelo menos teatros com aluguéis que nāo inviabilizem a montagem dos espetáculos, sua orquestra residente, um corpo de baile etc.?  As artes de uma maneira geral parecem estar em estado de alerta; assim como em nossa economia, a insegurança predomina. Em Cuiabá temos músicos, regentes, artistas de circo, atores, coreógrafos etc. excelentes, mas todos esbarram no mesmo problema: a falta de reconhecimento, apoio e até mesmo respeito, como se arte fosse coisa de desocupado.  "A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é conferida" (Ernst Fischer, poeta, filósofo e jornalista austríaco em seu livro “A Necessidade da Arte”).

Marchetti: Quais são as músicas deste pot-pourri?

Simone Pompeo: Por ordem alfabética dos musicais:

1.     Annie get your gun: Anything you can do I can do better;

2.     Burlesque: Something got a hold on me;

3.     Cabaret: Maybe this time;

4.     Cats: Memory;

5.     Chicago: All that jazz;

6.     Fantasma da Ópera: Fantasma da Ópera (Phantom of the Opera);

7.     Funny Girl: Don't rain on my parade;

8.     Hairspray: Good Morning Baltimore;

9.     Mamma Mia: Dancing Queen;

10.  Miss Saigon: Sun and Moon;

11.  Moulin Rouge: Lady Marmalade;

12.  Moulin Rouge: Roxanne (tango e vocal);

13.  Nine: Be Italian;

14.  Ópera do Malandro: Folhetim;

15.  Rocky Horror Picture Show: Travesti Travessa (Sweet Travestite);

16.  Spamalot: Diva's Lament (quem se esqueceu do meu papel, versão: Ismael Ramos).

Senhoras e senhores: a direção geral e o roteiro são de Simone Pompeo, a direção de movimento e coreografia é de Aline Fauth.

O elenco:

·         Aline Fauth – Dançarina

·         André Prado – Cantor

·         Joel Rodrigues – Dançarino

·         Laís Epifânio – Cantora

·         Laura Pompeo – Cantora

·         Letícia Ambrósio – Cantora

·         Victor Pinheiro – Cantor

 

No Brasil conhecemos os musicais no cinema e na televisão, mas numa apresentação ao vivo é diferente. Suas trilhas e personagens ainda se tornam mais fortes com os cantores respirando no mesmo espaço que o público e o ritmo dos movimentos diante dos seus olhos. 

Luiz Marchetti

About Author

Luiz Marchetti é cineasta cuiabano, mestre em design em arte midia, atuante na cultura de Mato Grosso e é careca.

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