O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, apresentou um novo atestado médico ao Palácio do Planalto nesta segunda-feira (6) e deve retornar ao trabalho no dia 13, afirmou a assessoria da pasta. O atestado anterior perdia a validade no início desta semana. O novo tem prazo de sete dias.
Padilha está internado em um hospital de Porto Alegre (RS) desde o final de fevereiro, quando se submeteu a uma cirurgia na próstata. Embora boletins médicos indiquem uma “melhora progressiva”, ele ainda não teve alta.
O titular da Casa Civil entrou de atestado médico no dia 20, quando se sentiu mal e foi internado em Brasília.
Enquanto Padilha não receber alta e voltar à despachar na Casa Civil, a pasta ficará sob o comando do atual secretário-executivo, Daniel Sigelmann.
Com a ausência temporária de Padilha, Temer perde um de seus principais articuladores políticos com o Congresso Nacional, em um momento em que o governo quer aprovar propostas como as reformas da Previdência e trabalhista.
Para suprir a lacuna deixada temporariamente por Padilha, o presidente Michel Temer vem reforçando conversas com auxiliares, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Henrique Meirelles (Fazenda)
Com o novo atestado, Padilha vai perder a reunião do Conselhão e a cerimônia de posse dos novos ministros da Justiça e das Relações Exteriores, Osmar Serraglio (PMDB-RS) e Aloysio Nunes (PSDB-SP), respectivamente. Ambos os eventos estão marcados para esta terça (7) no Palácio do Planalto.
Yunes cita Padilha
O afastamento de Padilha ocorre no momento em que o advogado José Yunes, amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, disse em depoimento ao Ministério Público Federal que recebeu um envelope em 2014 a pedido do ministro.
Em entrevista ao Blog da Andréia Sadi, por telefone, Yunes disse que o "envelope" foi deixado em seu escritório por Lúcio Funaro, doleiro ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha e que hoje está preso pela Lava Jato.
Em depoimento à Operação Lava Jato, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que o escritório de Yunes foi usado para repasse de dinheiro ao PMDB via Eliseu Padilha.´
Os pagamentos ao PMDB haviam sido acertados em uma reunião no Palácio do Jaburu do qual participaram Marcelo Odebrecht, Temer e Padilha, que ficou responsável por receber e alocar R$ 4 milhões´
Na entrevista ao blog, Yunes avaliou ter servido de "mula" para Padilha. O advogado confirmou que recebeu o envelope de Funaro em seu escritório, mas disse não ter imaginado que houvesse dinheiro dentro dele. "Seria uma descortesia e até falta de ética" violar a correspondência, argumentou
O ex-assessor de Temer disse que não conhecia Lúcio Funaro e que nunca o havia visto no PMDB. Yunes relata, entretanto, que o doleiro comentou que estava fazendo a campanha Cunha, do PMDB, para a presidência da Câmara dos Deputados, e para mais de 100 parlamentares.
A assessoria de Padilha disse que o ministro não vai se pronunciar sobre a fala do ex-assessor. O Palácio do Planalto também informou que não vai se manifestar.
O advogado de Funaro, Bruno Espiñeira, negou o episódio relatado por Yunes e afirmou que pretende processar o ex-assessor de Temer por calúnia. O advogado ainda protocolou na Procuradoria-Geral da União um pedido de acareação entre Funaro, Padilha e Yunes com o objetivo de “esclarecer a verdade dos fatos manifestamente distorcidos” no depoimento de Yunes.
Fonte: G1