Foto: Jefferson Oliveira
Ao prestar depoimento à Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) na última quinta-feira (16), a tenente Izadora Ledur negou que tenha torturado o ex-aluno soldado Rodrigo Patrício Lima Claro, 21, que morreu após passar mal durante treinamento realizado na Lagoa Trevisan, em novembro de 2016.
A mãe de Rodrigo, Jane Patrícia Claro, disse com exclusividade ao Circuito Mato Grosso, que durante as mais de 4 horas de depoimento, a tenete também negou ter tido algum tipo de responsabilidade pela morte de Rodrigo.
A tenente, de acordo com Jane, também disse que não tinha nenhuma raiva ou motivação pessoal contra o ex-aluno. A mãe da vítima desabafou que já esperava a reação da tenente perante a delegada responsável pelo caso, Juliana Chiquito Palhares, da DHPP.
Mesmo com a negação de Ledur, Jane disse que espera justiça.
“O nosso advogado acompanhou todo e depoimento e disse que ela negou tudo do que estava sendo acusada. Do começo ao fim. Eu espero que a justiça seja feita, pois é apenas a palavra dela, contra outras 30 testemunhas que presenciaram o que ela fez com o meu filho”, declarou a mãe.
“Com todas as provas, evidências do que aconteceu, se a justiça não for feita corretamente, perderá a credibilidade com a população”, completou.
A tenete Izadora Ledur, desde o dia do incidente com o ex-aluno, evitou se pronunciar sobre o caso, por meio da imprensa. A tenente está ‘blindada’ pelos seus advogados e evita qualquer declaração.
No final do depoimento de Izadora na quinta-feira, acompanhada de seus advogados mais uma vez ela se calou. O advogado que a acompanhava, Huendel Rolim, disse que o caso estava em sigilo e que não iria falar sobre as investigações.
IPM
O Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga as causas da morte do ex-aluno soldado aponta que não há indícios de cometimento ou tentativa de homicídio por parte da tenente Izadora Ledur, instrutora responsável pelo treinamento de travessia na Lagoa Trevisan, no dia 10 de novembro de 2016.
O documento está em fase de homologação pela Corregedoria do Corpo de Bombeiros. A homologação é a concordância com o relatório apresentado no inquérito ou caso ocorra a avocação (discordância ou apresentação de outra solução da apontada no relatório) é reaberto o IPM e feita novas oitivas. Após a homologação, o julgamento da tenente será marcado.
Treinamento e morte
10 de novembro de 2016 e o cenário era a Lagoa Trevisan, em Cuiabá (MT). Alunos realizavam treinamento do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso. Tudo corria normalmente, até que um dos alunos sentiu-se mal e foi liberado do treino.
Era o jovem Rodrigo, que morreu após cinco dias internado no Hospital Jardim Cuiabá, na capital. Ele deu entrada no hospital com aneurisma cerebral após ter recebido uma série de afogamentos durante o curso, segundo a família.
O jovem já havia comunicado com sua mãe sobre a conduta da oficial com ele. Rodrigo afirmou que ocorreram outros casos e que as sessões de afogamento eram comuns.
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