Economia

Governo prepara reformulação das regras dos depósitos compulsórios

Foto André Dusek/ Estadão

BRASÍLIA – Depois de acelerar o ritmo de queda da taxa Selic, o Banco Central anuncia nos próximos dias uma ampla reformulação e simplificação dos depósitos compulsórios, dinheiro que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central, parte sem nenhuma remuneração.

Será uma espécie de “reforma tributária” dos depósitos compulsórios, que têm importante peso no custo do crédito. Nessa primeira etapa, o BC vai unificar e reduzir o número de alíquotas desses depósitos.

Hoje, os bancos precisam deixar no BC uma parte dos depósitos à vista (contas correntes), dos depósitos a prazo (como os Certificados de Depósito Bancário e aplicações em debêntures) e da poupança. Para cada uma dessas obrigações, há uma regra e cálculo diferentes. A ideia é uniformizar as exigências para permitir que os bancos repassem a economia operacional aos clientes – o chamado compulsório é parte do custo que as instituições cobram por meio do spread (diferença entre a taxa que os bancos captam e a que cobram dos clientes).

Num segundo momento, será feita uma redução gradual do nível dos compulsórios, abrindo caminho para elevar o volume de dinheiro disponível para os bancos emprestarem às empresas e pessoas físicas. Segundo o BC, estão estocados na instituição R$ 428,4 bilhões.

Esta será primeira medida voltada à redução do custo do crédito e dos spreads da agenda de reformas estruturais lançada pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn. Como a manutenção desses depósitos representa custo para os bancos, essa diferença acaba fomentando o aumento das taxas bancárias.

A agenda BC+, baseada em quatro pilares (educação financeira, legislação mais moderna e sistema financeiro e crédito mais barato), foi lançada pelo Banco no fim do ano passado e a expectativa do mercado financeiro era de que a simplificação dos compulsórios demorasse uma pouco mais.

Segundo apurou o Estado, o BC não quer, neste primeiro momento, mudar o nível do compulsório para não competir com o movimento de queda da taxa Selic. A política do BC dá preferência ao uso da taxa de juros, em vez de utilizar a calibragem do volume de crédito via redução dos compulsórios.

O entendimento é que as duas formas, se usadas conjuntamente, competem entre si. Para controlar a inflação é mais eficaz mexer no nível da taxa do que no volume de depósitos. A avaliação é que se houvesse liberação de compulsórios, como defendiam aliados do governo Temer, o volume liberado dificilmente seria direcionado a novos empréstimos.

Spreads. O governo está fazendo ainda um novo mapeamento da decomposição dos spreads bancários para identificar os fatores que mais pesam para se manterem elevados, como carga tributária, ineficiência e menor competição bancária.

Nesta segunda-feira, 23, Goldfajn se reuniu com toda a diretoria da Febraban (entidade que representa os bancos) para acelerar as medidas.

Nos próximos dias, o governo também vai anunciar a implantação efetiva para a redução do juros no rotativo do cartão de crédito. Desde que a medida foi anunciada pelo presidente Michel Temer, o governo tenta aperfeiçoar a norma para afastar riscos jurídicos.

Estão avançados ainda os estudos para a reformulação na legislação do cadastro positivo e na forma de mudança na forma de cálculo da TJLP, usada em financiamentos do BNDES. Como antecipou o Estado, o governo vai atrelar a TJLP às taxas das NTN-B (títulos do Tesouro corrigidos pela inflação). A proposta que ganha força no governo é de que a mudança só tenha efeitos nos novos empréstimos, sem alteração no estoque.

Confira as propostas da agenda do Banco Central

– Crédito mais barato

a) simplificar as regras do compulsório;

b) exigir que estabelecimentos tenham máquinas compatíveis com todas as bandeiras de cartão (a partir de 24 de março);

c) permitir que os lojistas cobrem preços diferentes dependendo da forma de pagamento (à vista, a prazo, em dinheiro, no cartão, no cheque);

d) criar duplicata eletrônica (um sistema de registro de ativos financeiros para facilitar a obtenção, pelas empresas, de crédito)

– Legislação

a) revisar o relacionamento do BC com o Tesouro Nacional;

b) criar o depósito remunerado;

c) estudar modelo de autonomia operacional para ser enviado ao Congresso;

d) melhorar o processo administrativo punitivo aos bancos; instituir acordo de leniência para os bancos;

– Eficiência

a) normas para tornar menos complexa legislação dos bancos de menor porte.

b) permitir o surgimento de modelos de negócio com novas tecnologias, como a regulamentação de abertura de conta digital

l Crédito mais barato

a) simplificar as regras do compulsório;

b) exigir que negócios tenham máquinas para todas bandeiras de cartão (24 de março);

c) permitir que lojistas cobrem preços diferentes dependendo da forma de pagamento (à vista, a prazo, dinheiro, cartão, cheque);

d) criar duplicata eletrônica (um sistema de registro de ativos financeiros para facilitar a obtenção, pelas empresas, de crédito).

– Legislação

a) revisar o relacionamento do BC com o Tesouro;

b) criar depósito remunerado; c) estudar modelo de autonomia operacional para ser enviado ao Congresso;

d) melhorar o processo administrativo punitivo aos bancos; instituir acordo de leniência para os bancos.

– Eficiência

a) normas para tornar menos complexa legislação dos bancos de menor porte;

b) permitir o surgimento de modelos de negócio com novas tecnologias, como a regular abertura de conta digital.

Fonte: Estadão

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26