Ter um cão-guia é uma experiência fenomenal. Não só pelas quase 24h que passamos junto a eles, mas pelas lições que somos capazes de aprender com um ofício que exige tanta atenção.
Sem dúvidas, até aqui já foram muitas as lições que aprendi com meu cão-guia, mas separei cinco que acredito terem mudado a minha vida para melhor!
Trabalhador cansado não é trabalhador feliz
Muitas pessoas acreditam que, por ter um trabalho e exercer uma função, o cão-guia está em constante sofrimento. Isso, muitas vezes, vem do conceito de que o trabalho só é eficiente se levado à exaustão. Certamente, você já deve ter achado que trabalhou pouco após um dia leve, mas produtivo de trabalho ou também deve ter ouvido a fatídica frase “Cão cansado é cão feliz!”. Para as duas situações, sejamos honestos: Quem fica feliz e produtivo ao estar cansado?
Aprendi com o meu cão-guia a reconhecer que, para atuar no meu ofício, desfrutar de lazer é fundamental e inquestionável. Exercita a criatividade, a cognição, a comunicação interespécies, provoca novos estímulos e traz novas resoluções, promovendo um trabalho com resultados cada vez mais consistentes.
Cada indivíduo é único e tem o seu tempo
O cão-guia é, de fato, uma ferramenta de tecnologia assistiva, mas, muito embora tenha um treinamento específico e comum a outros cães com a mesma função, ele tem características que são únicas. Não é “tudo uma coisa só”.
Ainda que desvie de obstáculos, cada um faz à sua maneira, com base nos seus processos individuais de socialização e de aprendizagem. E acompanhar isso no meu dia a dia me fez aprender a respeitar o tempo das outras pessoas, com suas habilidades e dificuldades, sempre mais disposta a esperar.
Se tem que fazer, tem que fazer
Parece clichê, mas essa talvez seja a maior lição que aprendi com o meu cão-guia. Se tenho algo importante para fazer, preciso fazer! E, se o tempo que me resta é o agora, para que deixar para amanhã algo que posso fazer já?
Não, não estou falando sobre procrastinação no trabalho (olha aí a tendência de associar trabalho a cansaço), mas sobre ajustes na rotina que viabilizem a vontade de realizar tarefas, ainda que essa tarefa seja brincar, comer ou dormir. Se tem que fazer, tem que fazer!
Desviar de tudo aquilo que me prejudica ou me faz cair
A gente costuma falar sobre mobilidade de uma maneira muito técnica e objetiva quando se fala sobre cão-guia, mas o fato é que o termo vai muito além disso. Mobilidade é o que nos proporciona movimento. É o que nos faz caminhar, seguir em frente. E seguir em frente diante de obstáculos que nos prejudicam, põem em risco a nossa integridade e a nossa segurança é muito mais difícil.
Cuidar de si, mas também cuidar do outro
Ter um cão-guia é estar disposto a trocar responsabilidades. Ao mesmo tempo em que ele trabalha para garantir a mobilidade urbana de uma pessoa com deficiência visual, é fundamental que essa pessoa preserve o seu bem-estar e esteja atenta às suas necessidades.
Cães prestam atenção às nossas emoções o tempo inteiro e vivenciar isso com certa intensidade me fez perceber que não existe qualquer possibilidade de eu estar bem sem o meu cão-guia estar bem também. E isso acaba se estendendo às outras pessoas à minha volta, em relações que se constroem a partir da observação atenta ao outro, como fazem os cães.
Ainda que você não tenha um cão-guia, conta nos comentários quais foram as principais lições que você aprendeu com o seu cão?