A maioria, pela fragilidade da relação trabalhista, tem medo de se expor.
"Pedi muito, mas meu patrão não quis me dar o registro", diz Marcilene da Silva, 28 anos, de Porto Nacional, no Tocantins, que ganha R$ 335 ao mês trabalhando três vezes por semana, quatro horas por dia, para uma família.
"Já dormi no serviço, de segunda a sábado, mas nem assim tive registro", afirma, destacando que os direitos "fariam muita diferença".
Há casos, porém, em que o empregado rejeita a carteira.
Muitos afirmam que a profissão não é valorizada e sentem vergonha de ter essa marca no documento. Outros temem ter a carteira retida pelo empregador caso desejem sair do trabalho, ou anotações negativas no documento.
Por fim, há relatos de domésticos que recebem benefícios do governo e preferem continuar na informalidade para mantê-los.
Ruy Braga, professor da USP e especialista em sociologia do trabalho, diz que o alto grau de informalidade é um problema cultural. "Não se reconhece o doméstico como portador de direitos. Por lei, a responsabilidade da formalização é do empregador."
Fonte: Folha de São Paulo