O diretor de planejamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Alexandre Zucarato, disse nesta quinta, 12, que o órgão trabalha com três medidas operacionais para reduzir o curtailment, os cortes compulsórios na geração centralizada de renováveis ligados a restrições de transmissão.
Segundo Zucarato, a primeira medida será fazer um bypass (desvio) do banco capacitor de série (BPS) nas linhas de transmissão de Barreiras e Rio das Éguas, na Bahia, a fim de preservar a transmissão em caso de perda de uma das linhas. As outras serão o adiantamento de linhas de transmissão no Sudoeste da Bahia e, por fim, a instalação de compensadores síncronos em pontos estratégicos da rede, medida que ainda será sugerida ao MME.
“Hoje, se perdermos uma linha, pode haver sobrecarga nesse equipamento (BPS), que fica no meio. São duas linhas em paralelo, e quando uma sai (de operação) a corrente aumenta na outra. Então, o equipamento vai ser ‘bypassado’ porque a linha suporta, mas o equipamento no meio do caminho não”, detalhou Zucarato sobre Barreiras e Rio das Éguas. Ele falou a jornalistas na sede do ONS, no Rio de Janeiro.
Sobre o adiantamento de linhas no sudoeste da Bahia, o diretor do ONS afirmou que o lote em questão tinha entrega prevista para entrada em operação em 2028 e 2029, mas será entregue pela empresa responsável no primeiro semestre de 2025, criando mais caminhos para a energia produzida na região e mitigando curtailment na região. Segundo Zucarato, isso terá efeito semelhante à entrada das linhas de Dunas, que amenizou os cortes de geração do Rio Grande do Norte e Ceará.
Com relação aos compensadores síncronos, Zucarato disse que a ideia é instalar três dessas estruturas em pontos estratégicos de Rio Grande do Norte e Ceará, a fim de ampliar a capacidade dessas regiões suportarem perturbações na transmissão, como acontece com áreas de hidrelétricas.
“Isso não vai resolver 100%, mas a ideia é que os cortes provocados por dificuldade de escoamento diminuam. Os cortes fazem parte da operação de um sistema integrado com participação relevante de eólica e solar. Com antecipação de obras, medidas operativas e investimento em controle, podemos mitigar ao máximo os cortes, mas zerá-los nunca vamos”, disse o diretor do ONS.
Christiano Vieira, diretor de operação do ONS, acrescentou que, para além dessas medidas operacionais, é possível reduzir o impacto do curtailment no negócio de determinados geradores com criação de normas capazes de rateá-los entre mais agentes, o que caberia a Aneel.
Os diretores indicaram que, por ora, não deve haver mudanças no rol de estados que têm operações cortadas por necessidade do sistema, hoje Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Piauí.