O campeão mundial de kickboxing e full contact mato-grossense José Vaz Neto, o Zé Skiva, conseguiu mais três medalhas para sua coleção ao vencer em duas categorias do UIAMA World Championship 2018, realizado sábado (12) e domingo (13) na Argentina. A federação se coloca como a maior de competições de artes marciais na América Latina e contou com atletas de todo o mundo, em 22 categorias.
Realizados no Estádio Mela, em Buenos Aires, os combates foram bem disputados, conforme conta ao Circuito Mato Grosso o próprio Zé Skiva, mas ele conseguiu subir no ponto mais alto do pódio tanto em kickboxing quanto no MMA amador.
No full contact, desempenho também expressivo: nada menos que o segundo lugar.
Skiva mora em Alta Floresta, mas está radicado atualmente no Rio de Janeiro, devido à maior facilidade para manter os treinamentos. Com pouco mais de três anos dedicados às artes marciais, já conseguiu nada menos que 22 premiações, entre medalhas e cinturões de campeonatos estaduais, brasileiros e mundiais de kickboxing e muay thai (as mais recentes conquistadas em Birmingham, Inglaterra, entre 20 e 22 de outubro de 2017, e Carrara, Itália, de 25 a 29 do mesmo mês, mais o resultado do fim de semana passado).
Como ele vinha antecipando, o desafio agora é ir mais alto no MMA. Plantel pra isso ele tem de sobra, em uma carreira construída com maestria. Já são 114 lutas, com 99 vitórias, sendo 51 por nocaute.
No kickboxing, seus títulos são em maior número, perfazendo nada menos que quatro ouros e três pratas em Mundial, mais dois bronzes, além de um bicampeonato mundial e outros 10 ouros em brasileiros da categoria, além de três cinturões estaduais.
No MMA amador, é campeão mundial. E se o assunto é muay thai? Vai bem também, tem dois cinturões brasileiros e chega, enfim, no MMA profissional, onde tem cinco lutas e quatro vitórias. É tetracampeão estadual de muay thai. Agora, treina jiu-jitsu e boxe.
Costuma participar de competições europeias, em que ele é o único representante do Brasil.
Ele acha graça ao contar que o início no esporte foi em sentido oposto ao das lutas, pois era apaixonado por basquetebol, mas tinha desempenho considerado ruim por ele, competitivo por natureza, e fazer parte da seleção de basquete de Alta Floresta não era o suficiente. “Sonhava jogar no Nacional de Basquete [hoje NBB], mas eu era muito ruim”.
Sem grana nesse tempo, menos de quatro anos atrás, ele decidiu começar a dar aulas de basquetebol em Colíder. Enfrentou a distância da família, agora distante 168 quilômetros.
Ele começou a se sentir deprimido por esse tempo, mas a companhia das crianças o ajudava, especialmente por causa dos resultados expressivos de seus alunos em competições. A dedicação era tanta que ele acabou ganhando uma bolsa de estudos para seguir com outro sonho: cursar uma faculdade de Educação Física. O sonho durou pouco, entretanto, pois o prefeito da cidade perdeu as eleições e cortou, além do emprego dele, a bolsa de estudos.
Foi obrigado a nova mudança de endereço e cidade, porque a família humilde precisava do dinheiro que ele ganhava no trabalho, agora nas obras de uma usina hidrelétrica nas proximidades da Alta Floresta.
“Me vi sem vida. Parei de jogar basquete, de fazer faculdade, não tinha mais nenhuma atividade física. Só trabalhava o dia inteiro, me sentia cansado. Saía do trabalho e só queria dormir, não tinha ânimo para nada”, lembra. Isso agravou o quadro depressivo. A salvação veio do gosto pelo esporte, pois lembrou que havia treinado, durante alguns meses, para melhorar o condicionamento físico, o kickboxing.
“Fiquei sabendo que haveria um campeonato em Alta Floresta da modalidade. Estava bem magoado e pensei em dar e levar uns socos mesmo, mas era só pra desestressar, não esperava ganhar”. Inscreveu-se sem treinamento recente algum. Comentou em tom de brincadeira aos amigos da usina que ele iria participar. Todos decidiram apoiar à maneira que amigos costumam fazer: com deboche. “Filma tudo, a gente compra carne, cerveja, come, bebe e dá risada”, foi o que disseram.
Ele seguiu o conselho, mas o resultado foi diverso, pois ganhou o título estadual. A bagunça dos colegas quanto ao feito chamou a atenção do chefe, que perguntou se ele iria participar do Brasileiro, naquele mesmo ano de 2014. Ele disse que não iria porque não tinha dinheiro. O chefe prometeu que se ele se dedicasse, pagaria a viagem.
Chegou então a confirmação do caminho escolhido. Treinando sem nenhum equipamento, utilizando colchonetes e travesseiros como sacos de pancada e protetores amarrados em postes de campo de futebol, participou e conseguiu seu primeiro título brasileiro em artes marciais.
A meta agora é se tornar um dos lutadores contratados do Ultimate Fight Championship (UFC). É melhor não duvidar que ele consiga, já que o homem parece movido a dificuldades e vontade de lutar contra elas.
Quem quiser colaborar com a carreira de Skiva, seja por patrocínio, apoio, equipamento ou torcida mesmo, mandando incentivos, tem a página dele no Facebook. O telefone para contato é (66) 99611-4582 email: jhoipr@gmail.com.
A última viagem e estadia de Skiva teve os patrocínios e apoios de Lau da Rodoviária, Insanos Motos, Studio Voz, Julia Oliveira, Walace Jone, Zamir Mendes, Sabores Prestígio, Alex da Suprema, Hamoa, Restaurante Alho e Sal, Oriente Tabacaria, Banda Delta 9, Estudio do Vanderlei, além de um deputado e quatro vereadores de sua cidade.