A entidade norte-americana de defesa do consumidor Consumer Reports pediu à Microsoft que prorrogue o suporte ao Windows 10, previsto para terminar em 14 de outubro de 2025. Em carta ao CEO Satya Nadella, enviada na terça-feira, 16, a organização argumenta que a descontinuação pode deixar centenas de milhões de computadores em risco de segurança cibernética, já que uma grande parcela dos computadores em operação atualmente não tem condições técnicas de migrar para o Windows 11.
Na carta, a Consumer Reports cita dados da consultoria Statcounter referentes a agosto, que afirma que 46,2% dos usuários de Windows no mundo ainda utilizam a versão 10. O índice equivale a cerca de 646 milhões de dispositivos, considerando os 1,4 bilhão de computadores ativos com o sistema operacional.
Desses, entre 200 milhões e 400 milhões não conseguem atender às exigências mínimas do Windows 11, como o uso do chip de segurança Trusted Platform Module (TPM) 2.0. Esse componente, segundo a Microsoft, é fundamental para reforçar a proteção contra ataques cibernéticos, mas não está presente em muitos equipamentos relativamente recentes.
Para a Consumer Reports, há uma contradição na estratégias da Microsoft. A empresa sustenta que o Windows 11 é mais seguro, mas ao mesmo tempo deixará milhões de usuários do Windows 10 expostos a falhas ao encerrar o fornecimento de atualizações.
“Argumentar que o Windows 11 é uma atualização essencial para aumentar a segurança cibernética, ao mesmo tempo em que deixa centenas de milhões de máquinas mais vulneráveis a ataques cibernéticos, é hipócrita”, afirma a carta.
O fim do suporte significa que o Windows 10 continuará funcionando após 14 de outubro, mas não receberá correções contra vulnerabilidades nem atualizações de desempenho. A tendência é que, com o tempo, esses computadores se tornem alvos mais fáceis de malwares e vírus.
A política anunciada pela Microsoft prevê alternativas pagas. Consumidores domésticos poderão adquirir um suporte estendido por um ano, ao custo de US$ 30. Empresas terão a possibilidade de contratar até três anos de prorrogação, com preços crescentes a cada renovação.
A Consumer Reports critica esse modelo, apontando que ele transfere para os consumidores o custo da decisão de interromper a compatibilidade. A entidade pede que o suporte estendido seja gratuito até que mais usuários consigam migrar, seja por atualização de software ou pela compra de novos dispositivos.
Outro ponto destacado é que muitos computadores incompatíveis continuaram a ser vendidos após o anúncio do Windows 11, em 2021. Máquinas sem os requisitos necessários foram oferecidas até 2022 e 2023 no varejo global, o que, segundo a entidade, fere as expectativas legítimas de consumidores que adquiriram equipamentos acreditando que teriam longa vida útil.
Na carta, a Consumer Reports também menciona uma pesquisa conduzida pela própria organização com mais de 100 mil usuários indica que 95% dos laptops e desktops comprados desde 2019 ainda estão em uso. Isso reforça a percepção de que os consumidores mantêm seus dispositivos por mais tempo e esperam poder utilizá-los em novas versões do Windows, como ocorreu em transições anteriores.
A carta lembra que a Microsoft, historicamente, manteve compatibilidade retroativa em seus sistemas, permitindo que computadores mais antigos fossem atualizados ao longo de vários anos. A ruptura promovida pelo Windows 11, com requisitos rígidos de hardware, quebra essa tradição e deixa para trás centenas de milhões de usuários.
Até o momento, a Microsoft não deu sinais de que vá rever sua decisão. Pelo contrário, a companhia tem investido em campanhas para estimular a migração ao Windows 11 e em recursos de inteligência artificial (IA) integrados ao novo sistema. O apelo da Consumer Reports aumenta a pressão pública, mas o calendário do fim do Windows 10 segue inalterado.
O que fazer com meu computador agora?
O primeiro passo para os usuários de Windows 10 é checar se o computador pode receber a atualização gratuita para o Windows 11. A verificação pode ser feita indo em Configurações e depois em Atualização do Windows. Se a máquina atender aos requisitos, a recomendação é realizar a migração o quanto antes.
Nos casos em que o PC não for compatível, há a opção de aderir ao programa Extended Security Updates (ESU), mantido pela Microsoft. O serviço garante atualizações de segurança importantes para o Windows 10 mesmo após o encerramento oficial do suporte. O pacote, no entanto, não inclui novos recursos nem melhorias de desempenho e custa US$ 30 por dispositivo no primeiro ano, válido até 13 de outubro de 2026.
Outra alternativa é instalar sistemas operacionais de terceiros, como Linux Mint ou ChromeOS Flex. Ambos funcionam em máquinas mais antigas e oferecem suporte contínuo, representando uma saída para quem deseja prolongar a vida útil do computador sem precisar trocá-lo de imediato.
Para quem optar pela substituição do equipamento, a recomendação é investir em um modelo já equipado com Windows 11. Essa é considerada a solução mais segura e de maior durabilidade, principalmente para usuários que dependem do computador para trabalho ou estudos.
Enquanto a transição não é feita, é indicado reforçar a segurança do Windows 10. O uso de antivírus atualizados e a realização frequente de backups em nuvem ou em dispositivos externos ajudam a reduzir os riscos, embora não substituam as atualizações oficiais da Microsoft.