Foto Willian Matos
O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) afirmou que a presença do deputado federal Fábio Garcia e outros empresários de Mato Grosso no Partido Socialista Brasileiro (PSB-MT) é “incoerente”, devido a história da sigla, que sempre teve posicionamento de esquerda.
“Em MT, recentemente esse partido está sendo comandado por um grupo de empresários que tem um perfil neoliberal. Aos olhos da história, a presença dessas importantes lideranças no PSB é algo incoerente”, disse o tucano, nesta quarta-feira (3).
Além de Garcia, que foi destituído da presidência do diretório regional pela Executiva Nacional do partido na última semana, a sigla é composta por outros empresários, como o ex-prefeito da Capital, Mauro Mendes, os deputados estaduais Eduardo Botelho, Oscar Bezerra e Max Russi, e o deputado federal Adilton Sachetti.
A declaração do tucano foi dada após rumores de que com a decisão da Executiva Nacional – motivada pelo voto favorável a Reforma Trabalhista na Câmara dos Deputados -, Garcia e outros membros do partido poderiam estar de malas prontas para deixar o PSB.
Wilson argumentou que a sigla sempre teve viés de esquerda e que agora os políticos teriam se atentado ao fato de estarem em um partido errado. “São figuras que defendem o Estado mínimo [menor intervenção do Estado na econômia], que tem um perfil tucano. [Eles] têm um perfil social democrata, estariam muito bem no Democratas, no PTB, no PR ou no PSDB”, afirmou Santos.
Além da destituição de todo o diretório regional, nos bastidores da política, a expulsão de Garcia do PSB também é cogitada. Fato que teria motivado o governador Pedro Taques (PSDB) a convidar Garcia para se filiar ao "ninho tucano".
Wilson, no entanto, não confirmou a existência de tal convite, mas ressaltou que Garcia e os outros membros do partido seriam bem vindos no PSDB.
“As pessoas precisam entender que o Partido Socialista Brasileiro nasce em 1940, com um perfil socialista mesmo”, disse.
“Eles são empresários, que defendem o lucro a todo custo. Não tem nada a ver com o PSB e eu não tenho dúvida de que a direção [do partido] não vai dar refresco. Seriam todos bem vindos [ao PSDB]”, completou.
Debandada
A decisão da Executiva Nacional do PSB pode acabar causando uma "debandada" na sigla em Mato Grosso, causando enfraquecimento para a disputa eleitoral em 2018.Os dois deputados federais e quatro estaduais vão se reunir no próximo sábado (6), para tomar uma decisão.
O deputado Oscar Bezerra (PSB), que também é empresário, afirmou que ninguém vai tomar qualquer decisão “isolada” e caso Garcia saia da sigla, a decisão será tomada em bloco.
“Não vai ser uma decisão da Nacional que vai desmotivar qualquer liderança politica desse grupo. Nosso grupo é coeso, seja no PSB ou fora dele. Ninguém sai sozinho. É uma decisão em bloco”.
Ideologia partidária
Oscar saiu em defesa de Garcia, afirmando que na votação da Reforma Trabalhista na Câmara, o colega partidário entendeu que as mudanças propostas significam melhorias para as relações trabalhistas.
O deputado também afirmou que antes de seguir a ideologia do partido, o parlamentar deve defender suas convicções.
“Hoje, quem está na política é que representa a sociedade. O socialismo nós fazemos diuturnamente quando utilizamos nosso cargo para ajudarmos as pessoas menos favorecidas. Nós todos, mesmo sendo empresários, fazemos isso com muita propriedade. Por isso, nos mantemos aqui sem qualquer problema”, disse ao Circuito Mato Grosso.
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