O candidato Wilson Santos se assemelha em vários aspectos aquela moça fogosa e generosa do Chico Buarque, a Geni, …“de tudo que é nego torto/do mangue e do cais do porto”….sua mente é dos errantes, dos malandros, dos retirantes… é de quem não tem mais nada.
Faz assim desde menino, em casa, na rua e no parlamento. É o rei dos detentos, dos loucos e dos lazarentos e, assim como a Geni, ele engana os velhinhos sem saúde e as viúvas sem porvir. Ele é um poço de maldade e é por isso que a cidade o rejeita sem piedade e vive sempre a repetir: joga pedra no Wilson, ele é feito pra apanhar, ele engana qualquer um.
Como eu já disse algumas vezes, o Wilson nunca foi opção, significa a total falta de opção; que aos 48 minutos do segundo tempo o grupo do governador se viu abandonado e sem saída. E como na música aonde paira o zepelim gigante, a turma se viu amedrontada e apavorada e apelou para a “Geni”. Afinal, ela dá pra qualquer um.
O Botelho de joelhos, o Taques de olhos vermelhos e o agiota com um milhão que imploravam “vai Wilson, vai Wilson, você pode nos salvar, você engana qualquer um, você pode nos redimir”. Foram tantas as ofertas vultosas e cativantes que Wilson aceitou.
Num ponto o Wilson se distancia da Geni do Chico, pois restava a ela o mínimo de dignidade, já que aquela donzela (e isso era segredo dela) também tinha seus caprichos e “a deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar com os bichos”.
Wilson poderia perder essa eleição com um pouco de dignidade, resgatando parte do seu eleitorado, diminuindo sua rejeição e alçando voos mais altos em 2018, mas sua natureza é mais forte do que sua razão e em ato de desespero, sedento para agradar seu chefe, jogou tudo isso fora ao baixar o nível da campanha a patamares tão abjetos.
A Geni dá pra qualquer um, a Geni é boa de cuspir, mas a Geni não daria para o Wilson.
Rodrigo Rodrigues, jornalista
Wilson e a Geni
