Por que negar aos negros os direitos
que há séculos já são reivindicados?
Por que mantê-los sempre escravizados
aos nossos vis e torpes preconceitos?
Por que jamais ouvir seus justos pleitos?
São gritos ancestrais de antepassados
senhores de outros tempos e reinados
do além mar, conquistados e sujeitos
a padecer de banzo, nos navios,
vivendo feito cães sob as chibatas,
saudosos de seu chão e tudo o mais.
E se passaram séculos a fios!
São gritos que provêm de longas datas,
são ecos de mil vozes ancestrais.
*Cantos de Resistência, pg.48
Homenagem a Antônio Mulato (1905- 2.018), líder do Quilombo Mata Cavalo, Nossa Senhora do Livramento (MT.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.