Política

Votação de relatório final de CPI da Funai e Incra 2 tem clima tenso

A sessão de votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Funai e Incra 2, de autoria do deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT), ocorre sob clima tenso e muito bate boca. Os parlamentares retomaram no fim da manhã desta quarta (17) a reunião destinada a votar o parecer.

As discussões sobre o relatório, que começaram na terça (16), terminaram sob protesto da oposição. Depois de quase três horas de debate, o relator iniciou a defesa de seu parecer. O processo de votação deve começar em seguida. Informações são da Agência Brasil.

A CPI foi instalada há dois anos para investigar a ocorrência de fraudes e desvios na atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nos processos de demarcação de terras indígenas no país.

O documento elaborado pelo relator é criticado pela oposição e por diversas entidades que atuam na defesa dos direitos indígenas por sugerir a extinção da Funai, órgão responsável pela assistência aos índios e pelos estudos que baseiam a demarcação dos territórios indígenas.

O relatório recomenda ainda à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que mais de 90 pessoas, entre lideranças indígenas, religiosas, antropólogos, procuradores da República, técnicos da Funai e do Incra, sejam indiciadas por supostos crimes cometidos durante o processo de demarcação de terras indígenas.

Para a oposição, o relatório foi elaborado de forma a atender aos interesses econômicos do setor agropecuário do país. Os parlamentares criticaram o pedido de indiciamento de dezenas de pessoas sem provas, o que consideraram uma tentativa de criminalização dos agentes que atuam em prol dos indígenas.

Em um dos poucos momentos em que se manifestou, o relator, Nilson Leitão, disse que apenas apontou as fraudes e que a decisão sobre o indiciamento não será da comissão. “Não quero trazer os detalhes do relatório. (…) O relatório vai falar por si só. Esse relatório vai para a Polícia Federal e para o Ministério Público, eles é que vão decidir se houve crime ou não”, disse.

Para atrasar a votação do relatório, que tem grandes chances de ser aprovado já que a maioria dos membros da comissão é formada por integrantes da chamada bancada ruralista, a oposição tentou novamente retirar o relatório da pauta e obstruir o andamento dos trabalhos com apresentação de requerimentos e o pronunciamento de longos discursos.

Os representantes da base aliada evitaram se manifestar e apresentaram requerimento para encerrar as discussões. O pedido foi aprovado sob protesto.

“Manifesto nossa posição de absoluta rejeição e repúdio ao relatório que esta comissão está prestes a votar. Não me refiro às consequências do relatório, porque não acredito que os órgãos do Judiciário e da Polícia vão levar adiante os absurdos que constam no relatório (…). O que me preocupa é o Parlamento brasileiro se prestar a esse papel, em vez de se colocar em defesa dos indígenas e da Constituição”, declarou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).

A sub-relatora da comissão, deputada Tereza Cristina (PSB-MS), rebateu o argumento de que o relatório privilegia os ruralistas. “Isso é uma estratégia retórica de quem quer fazer discurso, mas não quer de fato resolver o problema”, declarou.

Do lado de fora da Câmara, um grupo de indígenas protesta pacificamente contra a votação do relatório do deputado Nilson Leitão. Para os indígenas, a CPI atuou com a intenção de desmontar a Funai e acabar com a demarcação de terras, o que garante aos povos o direito de uso e ocupação de territórios de propriedade da União.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões