Pela primeira vez, depois de muito tempo, não trabalhei como marqueteiro nesta campanha. E quando a gente vê o povo fazendo o que está sendo feito, dá até um alívio. Não falo só da nossa capital, que tem mais sangue que um filme de Tarantino misturado com faroeste mexicano. Falo no âmbito do Brasil mesmo. Ninguém se baseia em proposta autênticas, factíveis, que tenham o crescimento de um povo como nação cidadã como um objetivo comum. Não. O que ouvimos são as mesmas promessas fáceis, com mais adjetivos, mais pompas, novas frases de efeito. Todo mundo usa o termo da moda.
– Evoluímos, mas precisamos avançar.
Todo mundo usa a mesma receita.
– Seguinte: manda o filho gay ou maconheiro viajar, daí começamos apresentando o candidato e sua família, depois mostramos as empresas do candidato, pegamos uns 3 ou 4 paus mandado para falar bem dele como patrão. Por fim, vamos almoçar num lugar muito popular, tomar caldo de cana e pastel, depois a gente põe a família pra falar que ele é bem melhor que os erros e termina nosso planejamento eleitoral dizendo que a gente não é muito bom de falar. Mas somos muito bons em fazer.
Tá foda ser politizado no Brasil. Nem comento a qual facção o cabra pertence. Falo que polarizou geral. O Brasil, terra de africanos, europeus, asiáticos, se monstra um país totalmente divido. Por isso, caro leitor, passou da hora de darmos uma virada. Precisamos dar uma guinada no futuro. Não estamos indo no lado certo. Estamos investindo em consumo e não em educação, ciência. Ensinamos a comprar telefones e não livros. Precisamos votar apenas em candidatos que tenham na educação o princípio de tudo. Que tenham na educação a base da mudança. Mudança que, amigos, não é rápida. Durará décadas.
– Qual é o número mesmo do candidato da Tamara?
– Flor eu não sei como que fui casar com alguém como você!
– Que foi João? Já quer brigar?
– Não acredito que você vai votar no prefeito do partido golpista! Não acredito! Deve ser pra me ofender!
– Te ofender o que! Cada um vota em quem quer! E você queria que eu votasse em quem? O pintinho do PSDB?
– Você vai votar no Silval, vai votar no Bezerra, vai votar no Fora Temer!
– Quer saber João? Vai catar coquinho no mato! Nem votar você vota! Seu título ainda é do Rio de Janeiro! – e boom! Bate a porta do carro.
Flor desce e se dirige até a escola para votar. Joãozinho, sempre ele, rebate no banco de trás:
– Pai. Esse negócio de votar não é comigo não! Todo mundo briga por isso e não resolve nada!