O governador Mauro Mendes (DEM) criticou novamente a intensa defesa que o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), faz ao Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) e também ao comitê criado por ele para estudar viabilidade do transporte na região Metropolitana. Em evento na manhã desta terça-feira (26), o chefe do Executivo afirmou que o modal é “filho da corrupção” e que imagina "por que será que defendem o VLT?”.
Em dezembro de 2020 o democrata anunciou que irá troca do VLT pelo Bus Rapid Transit (BRT). Estudo técnico mostrou que os ônibus elétricos são mais viáveis e baratos para implantação e também ao usuário. A tarifa do BRT custaria cerca de R$ 3, enquanto o cidadão pagaria R$ 5,28 para viajar nos vagões.
A troca não agradou o prefeito. Ele defendeu a conclusão do VLT, mas o que mais o indignou foi a decisão sem consulta a Cuiabá e Várzea Grande, cidades atendidas pelo modal. Por conta da decisão unilateral, o emedebista já ingressou com ações na Justiça tentando impedir a troca sem que a capital tivesse direito de voto. Pinheiro já amargou 4 derrotas de ações e recursos.
“Não podemos inverter a ordem das coisas. A reponsabilidade pelo VLT/BRT é do governo do Estado e aí envolve a prefeitura de Várzea Grande. Convidamos a prefeitura. Fica aqui um convite público ao prefeito, a prefeitura de Várzea Grande está participando junto com o governo”, argumentou o governador.
Na semana passada, Mendes convocou uma reunião para mostrar o plano de implantação, rotas e integração do transporte na capital. O prefeito Emanuel Pinheiro não compareceu e não mandou representante. Paralelo a isso, criou o Comitê de Análise Técnica para Definição do Modal de Transporte Público da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá. O grupo visa elaborar plano para melhoria do transporte e tem 60 dias para entregar a conclusão.
“Ele fez uma comissão dele com ele mesmo. Não sei com quem e o que ele vai discutir. Fez um comitê ‘in house’ para tratar dentro da casa dele. O prefeito tem que olhar para a população, olhar para o bem público. Para mim não está claro qual o interesse que alguns poucos têm em manter o VLT. Filho da corrupção, gestacionado no ventre da corrupção, na corrupção, nasceu da falsificação de um laudo lá no Ministério da Integração Nacional. As duas servidoras já foram condenadas pelo TCU, eles já confessaram, o governador Silval Barbosa confessou a prática de corrupção. Parte da propina já foi paga. Eu fico imaginando ‘ por que será que querem defendem o VLT?’”, declarou o governador.
Em 2017, o ex-governador Silval Barbosa (sem partido) fez acordo de delação premiada junto ao Ministério Público Federal (MPF). Nos relatos, considerados “monstruosos” pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (SFT) Luiz Fux, o político confessava diversas falcatruas que participou durante sua gestão. Uma delas era a troca do BRT pelo VLT para atender a interesses de seu grupo criminoso e desviar recursos públicos.
O VLT foi idealizado para melhorar o transporte na região Metropolitana e receber jogos da Copa do Mundo de 2014. A obra começou a parou várias vezes, até ser abandonada de vez em 2014. Há 6 anos os vagões estão deteriorando no pátio destinado ao seu armazenamento.
O governador Mauro Mendes destacou que todos os estudos técnicos apontaram para a implantação do BRT. Que custará R$ 430 milhões, dinheiro que o Estado diz já ter em caixa.
“Do ponto de vista técnica, pra mim não resta nenhuma dúvida de que o VLT é mais moderno, mais barato, viável, é bonito, tem tecnologia, tem tudo de bom. Custa menos para implantar e mais barato para o usuário depois”, concluiu.