Cidades

Violência na direção é a grande vilã em mortes e acidentes

Todos os anos milhares de pessoas em todo o mundo morrem no trânsito e em Cuiabá não é diferente. Excesso de velocidade, álcool, falta de manutenção veicular, falta de sinalização e principalmente falta de consciência e respeito são parte dos motivos que levam a graves acidentes que poderiam ser evitados.

Ultrapassagens arriscadas por motoqueiros acendem a raiva e guerra explícita entre motoristas e condutores de motocicletas.

Para se ter uma ideia, entre 2013 e 2014 foram registrados 4.382 acidentes envolvendo motocicletas e motonetas nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Isso significa que, em média, a Grande Cuiabá tem seis acidentes diários.

O alto número evidencia que a situação é grave e, como alguns dizem, um câncer na sociedade.

O problema vai além e mostra que o fácil acesso a bens e serviços como motocicletas aumentou significativamente o número de acidentes, ao passo que não houve preparação para receber a nova demanda, nem da estrutura viária nem de outros setores, como os próprios hospitais, mostrando o descompasso entre economia e planejamento.

Cuiabá teve 81 vítimas fatais de acidentes de trânsito em 2014, enquanto 41 pessoas morreram pelo mesmo motivo em Várzea Grande, no mesmo período. Foram 122 vidas ceifadas de forma brutal e inesperada. A cada três dias uma pessoas morre na Grande Cuiabá.

Segundo uma pesquisa nacional o crescimento do número de mortes, especialmente de homens (três quartos dos mortos são do sexo masculino) entre 20 e 39 anos de idade (62% dos mortos estão nessa faixa etária) é muito superior ao de motocicletas na frota nacional de veículos. Em Cuiabá os motociclistas se aglomeram nas ruas, tomando todos os vãos entre os carros, transitando em alta velocidade, mesmo pelos corredores enquanto os carros estão parados. A prática é comum.

Para o secretário de Mobilidade Urbana de Cuiabá, Thiago França, a questão é comportamental e cultural. Ele afirma que o Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT) não prepara as pessoas para conduzir de fato um veículo. “As pessoas são preparadas roboticamente para passar em uma prova, além disso não existem políticas permanentes de segurança no trânsito, apenas medidas paliativas”.

França adianta que ainda neste mês será implantada a segunda geração de radares, em avenidas como a Fernando Corrêa da Costa, Getúlio Vargas e das Torres, o que irá coibir os condutores e consequentemente diminuir os números de acidentes na capital.

“Tem uma geração que não tem como educar, dos nossos pais e avós. Para esses a solução que funciona é punitiva e pedagógica, sentindo no bolso”. 

A educação como caminho é apontada pelo secretário: “Temos campanhas dentro de escolas e vamos implantar um Plano Municipal de Educação no Trânsito e Política Municipal de Segurança no Trânsito, mas isso só terá resultados efetivos com a participação da sociedade”, pontua ele criticando os péssimos hábitos de condutores que furam sinais, param em vagas para idosos e estacionam em calçadas.

O secretário prometeu ainda que uma das prioridades da prefeitura será cuidar do pedestre “esquecido desde a Copa do Mundo”, com faixas por toda a cidade, começando prioritariamente por entorno de escolas, hospitais e instituições religiosas, locais que reúnem grande número de pessoas.

A Organização das Nações Unidas (ONU), no lançamento da Década Mundial de Ação pela Segurança Viária: 2011-2020, reiterou que a palavra acidente não é a melhor para definir acontecimentos no trânsito que fazem mortos e feridos. Esses eventos são, por essa visão, episódios de violência, tendo em vista que acidente é algo imprevisto, inevitável.

Comportamentos perigosos são visíveis mesmo em locais com alto fluxo de carros, motos e pedestres, como é o caso da rotatória da UFMT, onde além de tudo as faixas de pedestres não existem e nas ruas próximas, onde há sinalização, os condutores não a respeitam.

Em alguns minutos no local a reportagem do Circuito Mato Grosso flagrou alguns exemplos disso, como um motoqueiro entrando na contramão na Avenida Brasília, estacionando sua motocicleta em faixa de pedestre, sem o menor pudor. Ele não quis se identificar, mas admitiu que faz isso o tempo todo para economizar tempo. “Não tem amarelinhos aqui, daí a gente para rapidinho para economizar tempo mesmo”.

Já o ambulante Gonçalo Gomes critica a situação da Avenida Fernando Corrêa, que naquele trecho se estreita em uma via só e não tem faixa de pedestre. “Fico o dia todo olhando isso, os motoristas sempre estão correndo, quando eles percebem já estão em cima do local que deveria ter uma faixa de pedestre, mas possui apenas uma placa e não conseguem parar. Os faróis aqui estão todos estragados e as lâmpadas de iluminação, queimadas”, desabafa.

Outra cena comum na região são motociclistas atravessando por baixo do viaduto, no local destinado à passagem de pedestres, correndo o risco de atropelar uma pessoa.

Aproximadamente 40 mil brasileiros são mortos por ano no trânsito, levando em consideração que para os dados estatísticos contam apenas as mortes ocorridas no local do acidente.

A Secretaria de Segurança Pública não quis comentar o assunto e, em nota através de sua assessoria de imprensa, informou que o objetivo dessa nova gestão é reduzir os números através de integração entre as forças policiais e estratégias montadas pelo serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado.

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Josiane Dalmagro

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