Imagens feitas pelo então chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Silvio César Corrêa Araújo, mostram o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, do mesmo partido, recebendo R$ 20 mil de propina quando deputado estadual. O dinheiro seria parte dos R$ 600 mil que foram pagos a cada parlamentar da base de Silval para apoiar seu governo.
O vídeo, exibido no Jornal Nacional desta sexta-feira (25), faz parte da delação de Silval Barbosa à Procuradoria Geral da República (PGR).
Assista:
Nota do prefeito Emanuel Pinheiro, que encontra-se em viagem aos Estados Unidos (EUA):
Amigos,
Recebo com surpresa e indignação a notícia veiculada a minha imagem, totalmente deturpada pela noticiada delação premiada do ex governador do estado de Mato Grosso.
Por tratar-se de processo judicial com caráter sigiloso o qual ainda não tive acesso e, por recomendação dos meus advogados, não vou me estender a esta acusação.
O que tenho a plena ciência é que estamos no começo de uma grande mudança e humanização da capital de nosso Estado.
Temos vários obstáculos pela frente que com muito trabalho, dedicação e confiança iremos ultrapassar.
Não me falta coragem para seguir na construção da nossa Cuiabá dos 300 anos e na defesa da minha dignidade pessoal e da minha família.
Tenho a verdade do meu lado, 28 anos de vida pública transparente como minha principal testemunha para enfrentar esta injustiça.
#BORAPRAFRENTE
O esquema
No governo do Mato Grosso, durante a gestão do então governador Silval Barbosa (PMDB), foram rotineiramente realizados pagamentos de propinas, com o auxílio de seu chefe de gabinete Silvio César Corrêa Araújo, a membros do Poder Legislativo.
O esquema foi revelado por Silval, seu filho Rodrigo Barbosa e seu irmão Antônio Barbosa da Cunha na delação feita à Procuradoria Geral da República (PGR).
O objetivo era de manter a governabilidade, ter as contas do governo aprovadas, ter os interesses do governo priorizados na Casa de Leis e não ter nenhum dos membros do alto escalao do governo do Mato Grosso investigado em Comissão Parlamentar de Inquérito.
Nesse sentido, no ano de 2013, foi lançado o programa denominado MT Integrado consistente em um conjunto de obras isoladas que totalizavam dois miI quilômetros de asfalto, o equivalente a distância entre Cuiabá e o Rio de Janeiro.
O projeto inicial era tirar 44 cidades mato-grossenses do isolamento com pelo menos uma ligação por asfalto a outra cidade. Diante a vastidão do programa, os investimentos seriam no valor de R$ 1.500.000.000,00.
Durante a execução do programa, Silval Barbosa, por meio da então Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu), ajustou com as empreiteiras que a cada pagamento de medição realizado haveria o retorno de um percentual da parcela quitada. Essa propina serviria para custear o "mensalinho" ajustado com integrantes da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, no intuito de garantir a governabilidade do Estado e a manutenção do esquema.
Neste sentido, cabia a Silvio César Corrêa Araújo repassar a cada parlamentar o montante de R$ 600.000,00 a serem pagos em 12 parcelas de R$ 50.000,00.
Silvio, a mando de Silval Barbosa, gravou vídeos demonstrando os pagamentos mediante dinheiro em espécie aos seguintes deputados estaduais:
Ezequiel Angelo Fonseca (Deputado Federal),
José Domingos Fraga Filho (Deputado Estadual)
Hermínio Barreto (Deputado Estadual)
Luiz Marinho de Souza Botelho (ex-Deputado Estadual)
Airton Rondina Luiz, o Airton Português (ex-Deputado Estadual)
Emanuel Pinheiro (Prefeito de Cuiabá/MT)
Luciane Bezerra (Prefeita de Juara/MT)
Alexandre Luis César (Procurador do Estado/MT)
Gilmar Donizete Fabris (Deputado Estadual)
Carlos Antônio Azambuja (ex-Deputado Estadual)
Jose Joaquim de Souza Filho, o Baiano Filho (Deputado Estadual)
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