Vereadores de Cuiabá estariam vendendo o voto de cassação do mandato do Abílio Junior (PSC). A informação foi dada por uma testemunha em oitiva nesta terça-feira (26) no processo que analisa a quebra de decoro de Abílio.
A mulher, funcionária do hospital São Benedito, foi arrolada como testemunha de acusação pelo diretor do hospital, Ozéas Machado, autor do pedido de cassação. Ela disse ter ido à casa do vereador Juca do Guaraná (Avante), na semana passada, para receber orientação sobre o depoimento que daria hoje.
Na ocasião, ela disse ver alguns vereadores receber dinheiro do suposto acordo e ter ouvido que vídeos desses encontros estavam sendo gravados. As informações são do vereador Abílio Junior, que acompanhou a oitiva.O vereador é investigado pela Comissão de Ética e Decoro sob a justificativa de envolvimento em polêmicas com colegas de Casa.
“É uma mulher que já vinha falando comigo há algum tempo, pelo WhatsApp, fazendo denúncias. Hoje, quando acionei o nome dela vi que era o mesmo número da pessoa que dava depoimento”.
Ele diz que a testemunha vinha sendo pressionada há alguns dias pela direção do São Benedito para que se apresentasse à Comissão de Ética como testemunha do ex-vereador Ozéas Machado. Negou-se ao pedido e sua assinatura teria sido fraudada na notificação de recebimento de convocação da Câmara.
Ainda conforme o vereador Abílio Junior, a testemunha foi à casa de Juca do Guaraná na quinta-feira (21) e viu o prefeito Emanuel Pinheiro no local. Ele não soube dizer quantos vereadores teriam recebido dinheiro da compra de voto e nem qual é a quantia.
A reportagem procurou o vereador Juca do Guaraná que disse desconhecer os fatos narrados pela testemunha de Ozéas Machado e que a informação sobre compra de voto teria “tanto consistência quanto uma bolha de sabão”. "Eu moro em condomínio fechado, toda pessoa que entra passa por um registro. É so conferir se a pessoa entrou lá. Está fácil desmentir ele".
O presidente da Comissão de Ética, Toninho de Souza (PSD), confirmou que o depoimento da testemunha revela fatos que extrapolam o âmbito investigativo da Câmara, mas se absteve de detalhes do que foi narrado.
“Eu preciso que vocês entendam que o meu papel não é fazer julgamento subjetivo e nem falar do conteúdo da denúncia, isso quem faz é o Ministério Público. Então, nós vamos protocolar uma notícia-crime lá no Ministério Público com uma cópia do vídeo do depoimento da testemunha”.
A oitiva ocorreu de porta fechada para a imprensa por assinatura de ata de consenso entre os membros da Comissão de Ética. A ata inclui a proibição de divulgar o que seria colhido em depoimento.