A base do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) conseguiu emplacar dois vereadores na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigará denúncias de crimes partidários políticos contra o peemedebista na Câmara de Cuiabá. A composição do grupo foi definida em reunião de líderes partidários nesta quinta-feira (16) na presidência da Casa.
As investigações serão comandadas pelo vereador Marcelo Bussiki (PSB), autor do pedido de abertura da comissão, com o auxílio de Adevair Cabral (PSDB), como relator, e Mário Nadaf (PV), como membro efetivo, ambos da base de Pinheiro.
A definição dos membros da CPI foi disputada entre os nove vereadores que assinaram o pedido protocolado no dia 7 deste mês e outros 11 vereadores que apresentaram apoio depois da data. Havia o questionamento de que, caso a CPI fosse validada 48 horas após a protocolação, apenas os nove primeiros assinantes poderiam ser nomeados para o grupo. Situação que eliminaria partidários de Pinheiro de participação direta nas investigações.
A segunda possibilidade, usada na nomeação hoje, a nomeação estende aos vinte vereadores que assinaram o pedido de investigação. Todos da base de Pinheiro. A adesão tardia foi apontada pelo vereador Felipe Wellaton (PV), que participou do grupo pró-CPI, como manobra para enfraquecer as investigações.
Em entrevista ao Circuito Mato Grosso nesta quinta, Bussiki disse que cogita a possibilidade de desvirtuamento do objetivo da CPI com a maioria de seus componentes sendo a favor do prefeito.
“Não trabalho com a hipótese de dificultarem as investigações agora, mas se percebemos algum movimento neste sentido, vamos tomar medidas para corrigir. Todos agora querem a verdade, estão focados nisso.”
A CPI, com validade de 120 dias e possibilidade de dilatação de prazo, trabalhará em cima das denúncias do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) de pagamento de mensalinho a Emanuel Pinheiro, à época que exercia mandato de deputado estadual, e outros parlamentares em compra de apoio a sua gestão (2010-2014).
Além do ex-governador, devem ser convocados para depor, o ex-chefe de gabinete de governo, Silvio Corrêa, ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Alan Zanatta. Segundo Bussiki, o prefeito será convidado para dar esclarecimentos.
Os matérias de foco da investigação são áudio gravado por Alan Zanata e o vídeo divulgado pela imprensa em que aparecem Emanuel Pinheiro e outros deputados recebendo maços de dinheiro das mãos de Silvio Corrêa no suposto trato de propinas. Ambos foram entregues à PGR (Procuradoria Geral da República) em acordo deleção premiada de Silval Barbosa.
O áudio foi gravado Zanatta, amigo de Pinheiro, em conversa com Silvio Corrêa. O material comprovaria que o vídeo apresenta imagens descontextualizadas com o objetivo de incriminar deputados estaduais.
A defesa de Silvio Corrêa recorreu de recurso de Pinheiro, com a argumentação de que o áudio foi adulterado em tentativa de retirar trechos que incriminam Emanuel Pinheiro. O pedido está sendo analisado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Os vídeos foram feitos no gabinete de Silvio Correa em data apontada por ela como a de pagamento de propina para apoiar ações de Silval Barbosa. As gravações são partes de 21 anexos da delação premiada de Silval Barbosa com a PGR homologada pelo ministro do STF, Luiz Fux.