Um artigo enviado essa semana para a imprensa levantou um debate sobre o futuro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, aberta na Câmara de Vereadores de Cuiabá. No artigo, o vereador Felipe Wellaton (PV) denuncia que os outros dois membros da CPI, Adevair Cabral (PSDB) e Mário Nadaf (PV), além do presidente da Câmara, Justino Malheiros (PV), pretendem terminar os trabalhos sem apurar efetivamente qual a implicação do então deputado (hoje prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro) nas imagens em que ele aparece recebendo maços de dinheiro e derrubando alguns ao tentar guardá-los no bolso do terno.
Wellaton chegou a receber um tapa na mão de Renivaldo Nascimento (PSDB), que tentou agressivamente retirar o celular das mãos dele. No artigo, ele relata que a partir da leitura do requerimento da CPI, a câmara (cuja bancada é de apoio ao prefeito em ampla maioria) passou a agir de maneira a confundir ao máximo tantos os vereadores a favor da investigação quanto a população. "Não tenho uma resposta plausível para tudo que tem acontecido desde o dia 14 de novembro de 2017", afirma Wellaton em texto.
Ele lembra a implicação do ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Silvio Cézar Corrêa Araújo, responsável por fazer os pagamentos aos deputados e como a investigação sobre se Emanuel cometeu ou não quebra de decoro parlamentar, o que inviabilizaria sua permanência à frente do Palácio Alencastro, ultrapassou os 100 dias sem que o principal envolvido fosse ouvido, além do irmão dele, Marco Polo Pinheiro e o também ex-servidor da Assembleia, Valdecir Cardoso de Almeida.
"Neste curto período conseguimos ouvir o ex-governador Silval Barbosa. Também realizamos oitivas com o ex-secretário de Indústria e Comércio, Alan Zanatta, e com o servidor Valdecir Cardoso de Almeida, responsável por instalar a câmera usada para gravar o prefeito Emanuel Pinheiro recebendo o dinheiro e com o próprio Sílvio Corrêa".
Para ele, foi a partir das contradições surgidas nas oitivas é que iniciou a operação abafa, com 71 dias restantes para o fim do prazo estipulado para o fim da CPI. "O irmão do prefeito Marcos Polo Pinheiro, o Popó, que defendeu Emanuel Pinheiro, e disse que ele recebia um pagamento por pesquisas, estava na nossa lista. O ex-deputado estadual José Riva, responsável por distribuir a propina na Assembleia, também seria ouvido por nós", continuou Wellaton.
O artigo fora escrito antes da apreciação do requerimento para dar seguimento às oitivas e pedidos de documentação da CPI feita pelo vereador Dilemário Alencar (PP?) um dia depois de a câmara ter votado por maioria encerrar essas oitivas. Dilemário e a oposição foam novamente voto vencido e somente os pedidos de provas e documentação continuarão a acontecer na CPI até a entrega do relatório final a ser assinado por Adevair Cabral. Wellaton e Marcelo Bussiki já adiantaram que irão apresentar as provas produzidas durante os trabalhos a lugares como o Ministério Público Estadual (MPE), a Procuradoria Geral da República (PGR) e ao Judiciário.