O filme palestino vencedor do Oscar 2025 de Melhor Documentário, “Sem Chão” (No Other Land), chega a Cuiabá em uma sessão especial e gratuita nesta sexta-feira (25), às 19h, no Auditório da Adufmat, na UFMT. O evento contará ainda com um bate-papo com Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), sobre a história da Palestina e a ocupação israelense sionista, doutrina política que hoje chegou à sua maior expressão com o genocídio em curso do povo palestino em Gaza.
Com mediação do fotógrafo e jornalista Ahmad Jarrah, a mesa conta com a presença da professora doutora do Departamento de História da UFMT, Ana Maria Marques, e do diretor da Sociedade Beneficente Muçulmana de Cuiabá, Assan Salim.
Sem Chão conta a história das dificuldades que o palestino Basel Adra, um dos co-diretores do filme, enfrenta enquanto documenta a destruição dos vilarejos de Masafer Yatta, na Cisjordânia ocupada.
O documentário também retrata sua amizade com o também diretor, o israelense Yuval Abraham, que passa, neste processo, a compreender as restrições, a violência que Adra enfrenta e a importância da resistência palestina.
Durante o discurso na principal premiação de cinema, Adra e Abraham realizaram uma forte denúncia das ações militares do regime sionista em Gaza e na Cisjordânia.
“Há cerca de dois meses, me tornei pai, e minha esperança para minha filha é que ela não precise viver a mesma vida que vivo agora — sempre temendo a violência dos colonos, as demolições de casas e os deslocamentos forçados que minha comunidade, Masafer Yatta, enfrenta todos os dias sob a ocupação israelense”, disse Adra.
Perseguição
Hamdan Ballal, que também co-dirige o documentário, foi espancado por colonos perto de sua casa e detido por autoridades israelenses na Cisjordânia ocupada no mês de março. Ballal foi atacado em Susya, sua vila natal, por pelo menos 20 pessoas mascaradas, a maioria adolescentes armados com pedras, paus e facas.
O caso foi denunciado por Yuval Abraham em suas redes sociais: “Um grupo de colonos acabou de linchar Hamdan Ballal. Eles o espancaram, e ele teve ferimentos na cabeça e no estômago, que estavam sangrando.”
Hamdan foi liberado após 24 horas de detenção, sem denúncias ou motivos apresentados pelo exército israelense. “Eu não esperava ser submetido a um ataque tão brutal. Mas penso que depois do prêmio, nos tornamos o foco dos ataques. É uma ameaça, inclusive contra nossas vidas”, declarou.
Sobre Ualid Rabah
Ualid Rabah tem 55 anos e é presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil. É filho de pai e mãe palestinos que chegaram ao Brasil em 1960 e 1965 respectivamente. Nasceu em Toledo, cidade do interior do Paraná, e viveu em Maringá por 15 anos, onde estudou e foi jornalista por 11 anos. Militou nos movimentos estudantil (universitário) e sindical. Durante oito anos ocupou a cadeira árabe no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (os seis últimos como titular).
Fontes: Assessoria