Cidades

Vazamento de gás é possível causa de explosão no Rio segundo autoridades

As autoridades públicas que avaliam as causas da explosão que deixou oito feridos e danificou mais de 50 imóveis em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, na manhã desta segunda-feira (19), foram unânimes em apontar um possível vazamento de gás. As investigações, no entanto, vão continuar para se descobrir em qual dos imóveis ocorreu a detonação de todo o estrago. O laudo da perícia deve sair em 30 dias.

A principal hipótese dos investigadores é que o vazamento tenha tido origem em um restaurante de comida a quilo ou na pizzaria que ficava ao lado. Há suspeita de que um dos dois estabelecimentos estocassem gás irregularmente.

A Defesa Civil recolheu nove botijões encontrados no meio do que sobrou das casas e do comércio.

Depoimentos
Ao longo do dia, a Polícia Civil ouviu 13 pessoas, entre elas, quatro vítimas e os dois proprietários da pizzaria. Até o fim da tarde, os donos do restaurante ao lado ainda não tinha sido ouvidos.

“Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Ébole pretendem vistoriar o local do acidente mais uma vez. Eles vão esperar a retirada dos escombros para poder avaliar as condições do piso, tanto da pizzaria, quanto do restaurante, o que pode ajudar a revelar o ponto exato da explosão.

Uma das vítimas da explosão afirmou, em entrevista à Globo, fez reclamações contra um restaurante suspeito de guarda botijões de maneira inadequada, embora tenha destacado que não sentiu cheiro de gás.

“Só sabia que tinha botijão de gás lá no meio da cozinha. Me preocupei, tanto que eu liguei pra região administrativa, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros”, contou José Augusto Amaral, dono de uma das lojas destruídas.

Já o dono do restaurante diz que cilindros de gás eram armazenados na pizzaria vizinha e que a esposa dele discutia com o proprietário da loja.

“Ela brigava com ele sobre isso, mas ele dizia que ela era má vizinha. Mas a gente já estava pensando em sair de lá por causa disso. Tínhamos pensado em denunciar, mas não deu tempo”, disse Valdecir Gaudino da Silva, dono do restaurante.

O dono da pizzaria esteve no local da explosão, mas não quis gravar entrevista. O filho dele, Marcelo Lopes, disse que recarga dos cilindros era feita com segurança. "É feita através de um caminhão credenciado pela prefeitura e pelo Inmetro", declarou.

Os últimos dois do oito feridos no acidente foram liberados do Hospital Municipal Souza Aguiar no fim da tarde. Outros cinco já havia tido alta e um recusou nem chegou a ser levado para a unidade.

Explosão na Praça Tiradentes
O acidente em São Cristóvão hoje lembrou um caso ocorrido quatro anos atrás no Centro do Rio. O vazamento de gás de cilindros armazenados irregularmente levou pelos ares o restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, deixando quatro pessoas mortas e 17 ficaram feridas.

O Ministério Público denunciou dez pessoas pelo crime de explosão qualificada, entre elas o dono do restaurante, Carlos Rogério do Amaral, o síndico do Edifício Riqueza, José Carlos do Nascimento Nogueira, e cinco funcionários da prefeitura. O processo está em fase de alegações finais na Justiça, última etapa antes da sentença.

Responsabilidade da fiscalização
O acidente na Praça Tiradentes estimulou muita gente a fazer denúncias sobre armazenamento irregular de gás. Porém, a população reclama a falta de clareza sobre que órgão deve cuidar desse tipo de fiscalização.

A Defesa Civil afirma que não é responsável por botijões de gás. “Não compete à Defesa Civil do Município fazer este tipo de fiscalização neste tipo de edificações, tanto pouco comerciais, quanto particulares. Compete, de fato, ao Corpo de Bombeiros e a Companhia Estadual de Gás, que é a concessionária deste serviço”, afirmou Marcio Motta, subsecretário de Defesa Civil.

Ao contrário do que disse o subsecretário, a CEG informou que é responsável apenas pelo fornecimento de gás encanado e não cabe a ela fiscalizar imóveis. A companhia disse também que na rua onde a aconteceu a explosão há gás encanado, mas que os donos dos imóveis não quiseram contratar o serviço.

O Corpo de Bombeiros, por sua vez, diz que tem como meta fiscalizar 40 mil imóveis comerciais por ano, mas não informou quantos foram fiscalizados este ano. Mais de 15h depois da explosão, a corporação sequer sabia informar se o restaurante e a pizzaria tinham autorização para funcionar.

Como denunciar
Para evitar acidentes como o de São Cristóvão, é importante denunciar qualquer suspeita de armazenamento irregular de botijões de gás ou de vazamento de gás encanado. As denúncias devem ser feitas diretamente ao Corpo de Bombeiros. A população deve ligar pra os números da ouvidoria da corporação: 0800-282-50-70 e 2334-9981.

Se a suspeita for de vazamento de gás encanado, a denúncia deve ser feita à CEG, no telefone 0800-024-77-66.

No caso de imóveis que tenham sofrido rachaduras ou algum outro dano estrutural por causa das explosões, os moradores precisam procurar a Defesa Civil Municipal, no telefone 199.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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