Cidades

Várzea Grande, cidade INTRANSITÁVEL!

EXISTE! Tenha a plena certeza de que esta cidade EXISTE! E o pior ou engraçado é que nela habitam seres humanos, micro-organismos, insetos, animais, poetas, professores, médicos, prostitutas, crianças, donas de casa, filósofos, baratas, traficantes, políticos…, que na verdade são habitantes de uma cidade como as demais, mas estão se habilitando a serem moradores de uma cidade INTRANSITÁVEL!

Como pode uma cidade INTRANSITÁVEL ser habitada por tanta gente? E até por animais, crianças e ainda, por políticos? Coitados dos habitantes desta cidade! Mas será que os habitantes desta cidade também são INTRANSITÁVEIS? Não, de jeito algum. Eles transitam até demais para ter que driblar os buracos que estão por todos os lugares por onde passam. Ah! Esqueci-me de informar que nesta cidade INTRANSITÁVEL, tem até prefeito. Mas é um prefeito diferente, que só administra buracos, valas, valetas, esgotos a céu abertos, quebras molas e mais um montão de bueiros espalhados por toda a cidade; por isso ela é uma cidade, INTRASITÁVEL!

No centro da cidade, nos bairros periféricos, próximo das comunidades rurais, das indústrias, escolas, por todos os lados, lá estão eles, os buracos, de bocas abertas, escancaradas, te esperando para que você caia com o seu carro, moto, bicicleta e mesmo a pé, lá dentro, no interior da cratera da improbidade administrativa. Será que o prefeito desta cidade tem conchavos financeiros com as oficinas mecânicas da cidade? Não sei! Vamos perguntar ao “Google”? Nesta cidade há buracos até em “alto relevo”, já imaginaram? Só que estes ficam em locais “seguros” e “especiais”: na Câmara dos Vereadores, Prefeitura, Escolas Municipais e Pronto Socorro. São buracos construídos e destinados a pequenos grupos. Amigos políticos, comparsas partidários, afilhados e para algumas frutas e animais como, por exemplo: “laranjas” e “mulas”.
 
É uma pena! Uma cidade tão promissora, a segunda maior receita financeira do estado, uma cidade que dizem ser industrial, com um dos maiores mananciais de cultura popular do estado, banhada pelo poluído rio Cuiabá, fazendo divisa com a capital que também está nas mesmas condições; mas infelizmente, é uma cidade INTRANSITÁVEL. Quisera poder ter a honra de andar no carro do prefeito, por alguns minutos, só para ver com que cara de pau ele passa por tantos buracos. Será que estes buracos foram encomendados para gerar possibilidades de empregos com contratações indevidas e o costumeiro mau uso das verbas públicas? Afinal, a última recapagenzinha, proposital, ocorrida nas vésperas da candidatura do Prefeito anterior, a empresa executora dos péssimos serviços, esqueceu-se de colocar a massa asfaltica e acabou por pintar as ruas da cidade, com piche. Uma beleza! Uma CIDADE NEGRA! Parece até nome de grupo musical. E os competentes administradores dos serviços públicos, juntamente com o Secretário de Obras da época, sequer tiveram o cuidado de fiscalizar as obras, pelo menos para tentar ampliar a enganação à população que paga seus impostos anualmente. Daí a realidade dos alagamentos nas ruas e canais de esgotos abertos, pois a maioria dos bueiros e bocas de lobo ficou tampada pela massa asfaltica na ocasião e permanecem até os dias de hoje.

Vergonhoso! Já imaginaram, em plena copa do mundo os turistas, jogadores e autoridades do futebol chegando ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon – que dizem ser da capital – que também está INTRANSITÁVEL – visitando os pontos turísticos da cidade e deparar com tantos buracos? É bem provável elegerem um deles como o estádio de futebol de Várzea Grande, cujo nome, poderia ser ARENA BURACO! São tão grandes que alguns buracos já foram transformados em estacionamento. Isso mesmo, ao cair neles, os motoristas lá deixa seus veículos estacionados. Outros foram transformados em depósito de lixo; outros em piscinas para os banhos noturnos dos mosquitos da dengue, já que durante o dia, eles são incomodados pelo trânsito. É, é assim mesmo! Nada de exagero. O único exagero é a quantidade destes buracos que estão por todos os lados, caracterizando o real abandono administrativo às causas ambientais e ao complexo urbanístico da cidade, que há várias gestões, não tem recebido um tratamento físico arquitetônico e estético paisagístico para, pelo menos, justificar as cobranças absurdas dos impostos e contribuir com o IDH da cidade que está abaixo da média brasileira, há vários anos (IBGE/2011).

A cidade INTRASITÁVEL de Várzea Grande possui aproximadamente 35.056 veículos, destes, 25.325 são motocicletas (DETRAN/MT/2010). O Aeroporto Marechal Rondon recebeu em 2011, 2.500 passageiros, cujo apoio logístico com transporte é atendido por uma frota de 178 taxis, segundo o Sindicato dos Taxistas. O Terminal de Integração André Maggi movimenta mais de 60 mil pessoas por dia, cujo transporte de passageiros opera hoje com aproximadamente 169 ônibus. Não é necessário usar a calculadora para observarmos que a quantidade de veículos operando no tráfego municipal é o bastante e suficiente para o poder público entender a tamanha inadequação viária e, sobretudo, as péssimas condições em que se encontra a malha asfaltica da cidade. Não podemos ainda, deixar de citar o descaso administrativo com as rodovias de circundam a cidade INTRANSITÁVEL, o que acaba por acumular nas principais ruas e avenidas, um volume insustentável de veículos de médio e grande porte como camionetes, caminhões e carretas que, obrigatoriamente, invadem a cidade pela ausência de qualidade nas vias perimetrais.

Embora com uma população de 255.448 habitantes (IBGE/2011) que a coloca como a segunda maior cidade do estado e estar em conurbação com a capital, de cabo a rabo a cidade vai mal. Mal administrada e mal vista, principalmente pelos empresários que ainda sonham em ocupar-se dela no ramo da indústria, comércio, residencial e de negócios para a contribuição com a geração de trabalho, emprego e renda. Infelizmente não existem políticas públicas para a cidade, que a coloque no acordo com a sua dimensão territorial e geográfica, ambiental e ecológica, econômica e, sobretudo, cultural. Observem que o número de pessoas que faziam caminhadas pelas ruas da cidade, não mais a praticam, pois muitos tiveram torções, quedas, pé lesionado, sem falar nos riscos de acidentes entre os veículos que trafegam na escuridão em diversas ruas, inclusive no entorna do centro da cidade, que já é um absurdo. Infelizmente a cidade INTRANSITÁVEL não possui uma área verde de lazer, parques de atletismo, ciclovias, pistas para caminhadas e aí, acabam todos os sobreviventes varzeagrandenses, sem opção de lazer, a não ser brincar de tobogã nos buracos da cidade. Como são muitos buracos espalhados por todos os bairros, não há competição; tem buraco pra todo mundo: grande, médio, pequeno, fundo, raso, com lama, com lixo, com esgoto, etc. Mas o melhor buraco é aquele que tem até televisão no seu interior.

É isso mesmo, já foi encontrado um buraco onde as crianças fizeram das suas bordas, uma arquibancada e da lama do seu interior, a “TV de plasma” ou a “tela de cinema”. As atrações das brincadeiras visualizadas no reflexo da oleosa lama surgem monstros, fantasmas, borboletas, heróis, bandidos e outros diversos personagens da atual conjuntura da política municipal, que aparecem para alimentar e iludir o imaginário coletivo da meninada.
Os serviços que o poder público municipal da cidade INTRANSITÁVEL presta a população, é de péssima qualidade. Pior e maior ainda é o BURACO POLÍTICO ADMINISTRATIVO aparente nas ações de relacionamento em todo o corpo da gestão municipal da cidade. Que vergonha! É denúncia da existência de BURACOS FINANCEIROS e de influências até nas obras do PAC.

Agora então que o rato maior dessa cidade INTRANSITÁVEL saiu pelas portas dos fundos, os roedores de plantão, vão fazer a festa e, haja queijo: de concreto; de madeira; de tijolos; de propinas e até de emprego fantasma e empresas contratadas sem licitações. Claro, estão copiando as “receitas” das ações do Governo, nas obras da copa. Que coisa feia! Já pensou se isso vira moda? Pode até não virar, mas que tem muita gente na passarela, desfilando o seu novo traje, isso tem!
Imagine um visitante, turista ou empresário que chega à cidade pelo Aeroporto Marechal Rondon, fazendo de taxi, o “novo” percurso até à capital. Tem a pior imagem das duas cidades de Várzea Grande e Cuiabá. O percurso é tão ridículo que o passageiro pode querer informar ao motorista do taxi que não está indo para o inferno, tamanha e vergonhosa é a situação do tráfego por onde os visitantes são obrigados a passar.

Será que o atual prefeito da cidade INTRANSITÁVEL entrou em seu buraco-casulo político administrativo e está imaginando pegar carona nas obras da copa e deixar tudo para o governo do estado? Coitado! Como dublê de prefeito se coloca como um péssimo médico. Não vai conseguir dar os pontos necessários às tantas cirurgias administrativas necessárias às paliativas urgências e emergências que a saúde da cidade INTRANSITÁVEL necessita. Isso sem falar nas pastas da educação e da saúde que estão na UTI há vários anos. As pastas do meio ambiente e da cultura que eram para moldar e encabeçar os programas de geração de uma política pública necessária ao caos administrativo que se encontra a cidade INTRASITÁVEL continua esquecido, como prática do já denotado analfabetismo cultural dos gestores políticos brasileiros. No mais, a cidade INTRASITÁVEL que se maquia de cidade dormitório, há muito vem sofrendo dos descasos administrativos que os últimos gestores públicos vêm lhe proporcionando. Com isso, todos nós perdemos. Perdem os empresários, os comerciantes, a sociedade civil, a classe artística e, sobretudo, a juventude, que precisam deslocar para a cidade também INTRANSITÁVEL de Cuiabá, para ter acesso ao mínimo de convívio, informação e entretenimento cultural, uma vez que a cidade INTRASITÁVEL de Várzea Grande, nada tem a lhes oferecer culturalmente.

Se o que era para transferir à sociedade em geral, uma condição de amigabilidade e transparência política entre os gestores das duas cidades INTRANSITÁVEIS vizinhas, Cuiabá e Várzea Grande, encabeçado pelo Governo do estado, com o objetivo de unir forças para beneficiar a população, com as obras da copa, ora em ação, acaba por afastar todas as possibilidades de superação política partidária. Cada um dentro do seu próprio buraco-casulo, na sua mais que ridícula individualidade e vaidade pessoal. Ao invés de construírem um espaço onde possa operar o poder da política pública dos possíveis “bons” gestores, racham-se em espaços de guerras de vaidades de uma política pobre, transferindo condição de um verdadeiro analfabetismo político, na sua mais que verdadeira acepção, função, forma e condição da palavra. É lamentável! É inaceitável! Mas enquanto nós – sociedade em geral – não mudarmos esse quadro, engajados das nossas consciências de cidadãos, vai ser preciso muitos escritos nos diversos jornais, na busca de uma sensibilidade humana e política, impossível de ser visualizada e percebida em nossos gestores. Governar para si e por si, é muito fácil e cômodo. Governar para o povo e com o povo é tarefa árdua e difícil e requer quebra de divisas, de paradigmas e, acima de tudo, de suprema humildade como cidadão político.

Bem, vou ficando por aqui, pois sei que as promessas das próximas campanhas para governo do estado já começaram e terão mais audiência e acesso que as minhas palavras. Mas sinceramente, nunca imaginei morar numa cidade INTRANSITÁVEL e ter que pagar impostos para o prefeito administrar buracos e ainda, ter que chamá-la de CIDADE.
Àqueles que, incansavelmente, buscam contribuir com a política do universo onde habitam e que lutam por dias melhores para o seu povo, encerro com esta reflexão, nas palavras de Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.

Por Carlos Ferreira/ Para o CMT

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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