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Valorização do dólar estimula agronegócio e prejudica importador

A valorização do dólar frente ao real pode ser boa ou ruim para os negócios, dependendo da realidade de cada empreendedor. Em certos tipos de empresas, como as que têm foco na exportação, existe a vantagem de os compradores externos poderem adquirir mais produtos brasileiros utilizando a mesma quantidade de dinheiro. Em Mato Grosso não é diferente, uma vez que uma taxa de câmbio desvalorizada potencializa as vendas do agronegócio em todo o estado.

Os importadores, no entanto, não têm muito a comemorar. No dia 12 de maio de 2014, o dólar comercial era vendido a R$ 2,21. Uma realidade que deixa saudades para empresários que dependem da importação de produtos para tocarem seus negócios, ou consumidores acostumados a adquiri bens que são fabricados fora do país, como eletroeletrônicos. Um ano depois, em 12 de maio deste ano, a moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 3,01.

Alegria para alguns e tristeza para outros, diz o economista da PR Consultoria Carlos Vítor Timo Ribeiro. Segundo ele, o dólar “é um dos principais produtos da economia”, afirmando que há aqueles que se beneficiam de uma valorização da moeda norte americana, mas também existem os empresários e comerciantes que não conseguem fazer o planejamento adequado da compra e venda de produtos e que isso pode ter como consequência prejuízos nos negócios.

“Quando o câmbio sobe, a gente precisa de mais reais para comprar um dólar. O que a gente importa fica mais caro, mas nossos produtos ficam mais atrativos lá fora, aumentando a demanda por produção”, diz ele.

A valorização cambial pode trazer equilíbrio à balança comercial. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que apesar do superávit de U$$ 976 milhões verificado na primeira semana do mês de maio, em 2015 as importações estão à frente das exportações. Enquanto os negócios dos produtos que saíram do Brasil atingiram a cifra de U$$ 62,3 bilhões, as compras de bens que tiveram origem no exterior somam U$$ 66,4 bilhões – uma diferença de mais de U$$ 4 bilhões.

Com o dólar mais caro, a tendência é que haja maior interesse em exportar aproveitando a alta da demanda por nossos produtos, equilibrando a balança comercial. Carlos Vítor, no entanto, faz um alerta sobre variações bruscas na taxa de câmbio. Segundo ele, “todos saem perdendo” se a situação persistir, uma vez que as dívidas dos importadores são feitas geralmente em dólar: “Devemos evitar a todo custo uma crise cambial. Se isso ocorrer, todos saem perdendo, pois os importadores têm suas dívidas em dólar. Além disso, essas flutuações abruptas são um golpe na confiança naqueles que desejam investir”.

Agronegócio ganha, varejo nem tanto

Campo Novo do Parecis (401 km de Cuiabá) é uma cidade situada no oeste de Mato Grosso. Com área de produção estimada em 360 mil hectares, o município com população de 31.171 habitantes, segundo o IBGE, é responsável por 70% da produção brasileira de milho pipoca.

Alex Uchida é presidente do Sindicato Rural da cidade, além de produtor de soja e milho na região. Ele conta que a valorização do dólar é um alento para os produtores em virtude do que classifica como “preço ruim” dos grãos. Ele afirma, porém, que os custos para produção vêm crescendo, sobretudo aqueles que são negociados pela moeda norte-americana. “O preço está ruim para o produtor, então essa alta do dólar pode trazer alguns ganhos. Mas há também o lado ruim disso: sementes e defensivos, que são dolarizados, aumentam os custos”, diz.

Do campo para a metrópole: na capital, os comerciantes do varejo afirmam não sentir o mesmo impacto da alta do dólar. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá, Paulo César Boscolo, a valorização só traz consequências para o segmento do comércio que trabalha com importados (eletroeletrônicos, perfumes etc.), mas afirma que essa realidade pode prejudicar a macroeconomia: “O dólar alto traz problemas e benefícios para a atividade econômica, dependendo do segmento. Na macroeconomia, ele pode ser perigoso pois pressiona a alta da inflação”.  

Diego Fredericci

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