Opinião

Vacinas em humanos e nos animais

A febre aftosa é causada por um vírus agressivo que infecta principalmente bovinos, caprinos, ovinos e suínos, mas os humanos normalmente não correm o risco de contrai-la.

Esta doença foi controlada no Brasil a partir do momento em que o governo central determinou a obrigatoriedade da imunização, exigindo comprovação da efetiva aplicação nos órgãos competentes. Sem ela não se comercializa animais.

A adesão ao programa de erradicação da aftosa não foi muito fácil, porque os negacionistas, que já existiam mesmo antes da palavra ser inventada, diziam que a vacina não funcionava. “Basta” –  diziam alguns conservadores teimosos – “colocar uma colher de querosene na nuca de cada animal duas vezes por ano, para ficar livre da doença”. 

Com espanto vejo os adeptos do querosene defendendo essa ideia maluca. Só que hoje, o santo remédio que eu vi ser usado em animais nos anos 1970, recebeu o nome de Cloroquina e é aplicado em humanos. O problema não é tomar cloroquina, que seria uma decisão individual, mas sim recusar a vacina o que causa um mal coletivo.

Doenças viróticas de humanos e de animais – Febre aftosa, Paralisia infantil, Sarampo, entre outras tantas –  só podem ser evitadas com vacinação. É o caso da Covid-19, maior problema de saúde no mundo, atualmente.  

Entretanto, há uma inacreditável resistência em tornar a imunização humana obrigatória. Se somos forçados a vacinar os animais contra um vírus para evitar prejuízos financeiros, por que não aceitamos a mesma imposição para salvar vidas humanas?

O problema é que há uma má vontade do governo contra a imunização de pessoas e uma posição refratária a qualquer tipo de obrigatoriedade de sua aplicação. Até o “passaporte da vacina” que está sendo discutido no Congresso, uma excelente medida já adotada em outros países, parece um natimorto, pois o Presidente já antecipou a decisão de vetá-lo. Ele será exigido, se os parlamentares derrubarem o veto, em diversos ambientes públicos ou privados para evitar que pessoas irresponsavelmente inimigas da ciência continuem a transmitir o vírus, prolongando a pandemia.

Aliás, é estranho que os adultos rejeitem a obrigatoriedade das vacinas em si mesmos e as aceitem com naturalidade em seus filhos. Há hoje no Brasil cerca de 15 vacinas exigidas para que as crianças frequentem escolas ou creches e raríssimos recusam a submeter seus rebentos à imunização. Na verdade o fazem com satisfação, para livra-los das doenças que elas previnem.

Na Rússia – onde morreram menos de 90 pessoas por milhão de habitantes – antes de uma possível proposta de imunização obrigatória, o Presidente Putin está lançando sorteios de apartamentos e carros entre as pessoas que se vacinarem voluntariamente. Aqui no Brasil – com 230 mortes por milhão – o Bolsonaro, ao contrário do Russo e de todos os líderes mundiais, aposta que a imunidade de rebanho se dá, não pela vacina, mas pelo contágio. Assim, estimula a exposição ao vírus condenando máscaras e distanciamento.

Creio que ele (o Bolsonaro) poderia incrementar sua campanha contra esses “maricas” que tem medo da Covid, sorteando um túmulo e as despesas de funeral entre os que reusarem a vacina.

Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor

renato2p@terra.com.br 

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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