Você conhece o princípio de Pareto? É a lei do 80/20. Ela afirma que existe uma recorrência dessa proporção na maioria das coisas rotineiras. 80% dos efeitos vêm de 20% das causas; exemplos: 20% dos clientes são responsáveis por 80% do faturamento de uma empresa, 20% das pessoas concentram 80% das riquezas mundiais.
Mas, pergunta o leitor, o que o Pareto tem a ver com as vacinas que o título anuncia? Por enquanto nada. Vamos deixa-lo provisoriamente debaixo do balaio (reservado, no linguajar rural; ou em stand by, como querem os anglófilos) enquanto falamos do assunto proposto.
Entendo perfeitamente a posição dos cientistas e pesquisadores que têm sido cautelosos sobre o prazo de início da vacinação contra a covid-19. Eles, como homens de ciência que são, seguem fielmente as rígidas regras que norteiam a produção de medicamentos e vacinas. Por fidelidade aos princípios este pessoal tem previsto o começo da vacinação para o primeiro semestre do ano que vem.
E há razões para eles serem tão conservadores. Uma delas é que historicamente muitas candidatas a vacinas não superam a fase três de testes em humanos e naufragaram. Outro motivo alegado tem sido o tempo médio que até hoje se gasta para desenvolver um fármaco.
Os laboratórios ocidentais também são cautelosos porque ações judiciais coletivas por eventuais efeitos indesejados atribuídos à vacina podem levar sólidas empresas à falência.
Mais um motivo para os laboratórios, pesquisadores e cientistas serem tão pessimistas (ou realistas) com a data de disponibilização da vacina é que eles pensam no atendimento de toda a população mundial, mais de sete bilhões de pessoas.
Mas, como esse é um texto opinativo, e, portanto livre das amarras burocráticas e dos protocolos da ciência, ouso considerar que é bem possível iniciarmos a imunização ainda neste ano de 2020 e que no início do próximo ano a pandemia estará sob controle no Brasil.
Volto ao ponto onde deixei o Pareto preso debaixo do balaio para pedir-lhe ajuda na conclusão deste artigo.
Por certo ele (o Pareto) nos dirá que 80% dos nossos problemas com a covid vêm de 20% da população que seriam os idosos, os doentes crônicos e o pessoal de saúde diretamente exposto ao contágio. Interessante que os dados divulgados dessa turma, chegam muito perto dos números sugeridos pelo cientista: cerca de oitenta por cento das mortes na pandemia vem do grupo de risco, que representa mais ou menos vinte por cento dos brasileiros.
Nossa população é da ordem de 210 milhões de pessoas; tirando daí cerca de 10 milhões que já se contaminaram e não precisam mais de vacina, sobram 40 milhões para serem imunizados com urgência, 20% do total.
Vacinado esse contingente o número de mortos, que já vem caindo semana a semana, seria muito pequeno, dando prazo para a produção das doses necessárias para atingir todos os nossos habitantes.
Meu otimismo tem motivos: temos um contrato com o laboratório do Reino Unido para nos fornecer 100 milhões de doses de vacina, 30 milhões ainda este ano. Entretanto, minha expectativa maior é com os imunizantes da Rússia e da China, países mais livres das amarras burocráticas e dispostos a chegar primeiro na corrida contra a covid.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor