Um estudo publicado no JBES (Jornal Brasileiro de Economia da Saúde) mostrou que um programa de vacinação contra a dengue, no Brasil, em cinco anos, poderia reduzir em até 81% a incidência da doença no País. Para chegar a esse resultado, seria necessário imunizar s população entre 9 e 40 anos. Segundo levantamento, caso o mesmo programa fosse aplicado durante dez anos, a redução poderia chegar a 92% dos casos de dengue.
De acordo com um dos pesquisadores do estudo, Denizar Vianna Araújo, professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), o modelo de impacto representa transmissão dos quatro sorotipos da dengue (tipos 1,2, 3 e 4) em humanos e mosquitos.
Além da redução no número de casos, Araújo explica que haveria diminuição na hospitalização. Segundo ele, mesmo quem não se vacina, se beneficia, pois, a pessoa fica imunizada e o mosquito ao picar a pessoa não transmite a doença.
Hoje, a única vacina disponível de combate à dengue no mundo é a do laboratório Sanofi Pasteur. No Brasil, a empresa, que já teve o imunizante aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em dezembro do ano passado, aguarda CMED (Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos) a divulgar o preço que a vacina deve ser comercializada.
A diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani, diz que a expectativa é que o imunizante esteja disponível nas clínicas privadas ainda no primeiro semestre. De acordo com ela, já há 500 mil doses disponíveis para aplicação no Brasil. Em relação a rede pública, a diretora médica afirma que, até o momento, não há nenhum posicionamento do Ministério da Saúde se há interesse ou não em incorporar ao calendário nacional de vacinação.
A vacina da fabricante francesa tem 65,6% de eficácia global contra os quatro sorotipos da doença, explica Sheila.
— Além disso, estudos mostraram que houve 93% de redução dos casos graves da doença, 81% de hospitalização. Ou seja, mesmo nos casos em que a pessoa pegou a dengue, foi muito mais leve.
Segundo a diretora, o imunizante é recomendado para países endêmicos em população entre nove e 45 anos de idade. São três doses que devem ser aplicadas em um intervalo de seis meses entre elas.
Além do Brasil, a vacina contra a dengue já foi aprovada no México, El Salvador e Filipinas. Nesse último, já houve a introdução deste imunizante no programa de vacinação pública do país.
Vacina Instituto Butantan
Em fevereiro, o Instituto Butantan, em São Paulo, já deu início a terceira e última fase dos ensaios clínicos da vacina contra a dengue que está sendo desenvolvida no Brasil. Os testes incluem a imunização de 17 mil voluntários humanos, que serão acompanhados ao longo de alguns anos.
A expectativa é de que o imunizante brasileiro esteja disponível em 2018. Nas fases anteriores do estudo, a vacina do Butantã mostrou mais de 90% de eficácia contra os quatro tipos de vírus da dengue com apenas uma dose.
Dengue
Cerca de 390 milhões de pessoas são infectadas pelo vírus da dengue anualmente em todo o mundo, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde). Na América Latina há cerca de 13 milhões de infecções ocorridas no mundo; a metade das quais no Brasil e no México. O Brasil foi o maior número de casos notificados no ano passado. Neste ano, já há registro de mais de 450 mil casos da doença em todo o País.
Fonte: R7