Fora o grupo dos adoradores do Lula, nunca houve grandes expectativas em relação ao seu governo, mas não se esperava que pisasse em tantas cascas de banana, considerando sua vasta experiência política e os oito anos de mandato presidencial.
A mais recente mancada foi antecipar a possibilidade de não zerar o déficit primário em 2024. Esta meta havia sido aprovada pelo Congresso Nacional e anunciada com fanfarras e cornetas pelo governo que começava. Claro que já havia uma certa desconfiança do mercado, mas duvidar é uma coisa e ter a confirmação do chefe é outra e muito mais grave. O que antes era uma especulação virou desconfiança dos agentes financeiros. É sabido que credores e investidores diante de qualquer sinal negativo na economia protegem seu dinheiro exigindo maiores taxas de juros para manter a grana no país em crise.
Passados poucos dias da vacilada, o Lula veio a público tentando amenizar o que havia falado, dizendo-se comprometido com a estabilidade fiscal. O episódio, além de mostrar um presidente inseguro, sugeriu um descompasso, quase uma fritura do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Mas o que explicaria essa bobeada considerando a bagagem e o traquejo do Presidente? Há algumas suposições. A primeira é que foi mesmo um momento de distração que pode acontecer com qualquer um; a outra é que já se anuncia algum efeito da idade, posto que já está chegando aos 80 anos, a tal provecta idade. A outra, talvez a mais provável, seria uma forma de agradar seus eleitores, pois admitindo o não cumprimento da meta, ele garantiu que os programas sociais não sofrerão cortes. Nesse caso o discurso teria sido dirigido aos seus eleitores.
De fato, esta é uma marca dos governos do PT: nunca se preocupam em fazer economia e reforçar o caixa para bancar obras sociais. Os petistas acham mais fácil distribuir dinheiro, mesmo aumentando o déficit, do que comprometerem-se com cortes de despesas.
Alterar a meta fiscal ajustando-a às necessidades do momento e fazendo isto na hora certa não seria algo tão ruim assim, afinal governos passados têm feito isto impunemente. O que pegou mal foi que o Lula, como se fosse um “boca mole” que não guarda segredo, anunciou a medida totalmente fora de hora e o que é pior sem combinar com seu Ministro da Fazenda que continua apostando no déficit zero.
Em setembro, com o Lula viajando quase o mês inteiro, tivemos poucas declarações que prejudicassem a economia do País. A esse período seguiram a internação, cirurgia e período de recuperação que o mantiveram (ele e a Janja) distantes da mídia.
Mas como “não há bem que não se acabe, nem mal que sempre dure” ele voltou com excelente disposição verborrágica de agradar seu eleitorado, que considera mais importante do que o país que governa.
Acho que vai piorar. Pesquisas de avaliação do Lula e do seu Governo estão caindo, aumentando a chance do mandatário sacar a descoberto para aplicar em obras sociais. Ele sabe que tal insensatez pode garantir os votos para um possível quarto mandato.
Renato de Paiva Pereira