Quando vários governadores, entre eles o de Mato Grosso, se recusaram a participar da reunião que o Presidente realizou no dia 08 deste mês para marcar o primeiro aniversário da intentona dos “patriotas”, intimamente condenei-os. Eu estava errado, como os fatos mostraram. Provavelmente os políticos que ignoraram o convite anteviram a “esperteza” do Lula de usar o palanque montado para incensar-se e louvar o seu partido, como os heróis que salvaram o país do golpe de estado.
“Eu gostaria que vocês não tivessem receio de utilizar minha história e a história do meu partido como garantia da existência inabalável da democracia neste país” disse o nosso demiurgo para gáudio de alguns convidados e constrangimentos de outros tantos.
Na semana anterior o nosso ídolo já tinha vacilado quando atribuía à Janja o mérito de não ter assinado a GLO (Garantia da lei e da ordem) que poderia ter precipitado o país em uma nova ditadura. “Foi a Janja que me avisou”, ele disse “Não aceite a GLO porque isto é tudo que eles querem para tomar conta do governo”, teria lhe avisado a querida consorte.
Não, prezado leitor, não sou um misógino que nutre preconceitos contra mulheres. Sou admirador da Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido e da Ângela Merkel da Alemanha. Não consta que o marido da primeira, que era um empresário da indústria do petróleo e o da segunda, professor e químico, tenham dado palpites nos governos delas.
Mas, espia só, com tantos ministros, assessores e conselheiros preparados para este mister, ninguém se deu conta da GLO traiçoeira? Só a Janja?
Atribuindo a ela tamanha sagacidade, não estaria o Lula passando recibo de uma dependência senil da esposa muito mais jovem?
O processo de envelhecimento é cruel, alguns dizem. Eu acho que o adjetivo é um pouco forte, digamos que a velhice é incômoda. “Tempo voraz, ao leão cegas as garras, E à terra fazes devorar seus genes” – já dizia Shakespeare.
Sem dúvida é um tempo de perdas, embora vários idosos se consolem citando algumas vantagens. Minha experiência como velho ensina que estas tais vantagens são mínimas, se é que existem.
Falo da velhice para concluir que a lei falha ao não impor limites de idade máxima para o exercício de cargos de prefeito, governador e presidente da república.
Juízes, desembargadores, procuradores e ministros das cortes superiores são obrigados a deixar o cargo quando completam 75 anos. Generais, almirantes e brigadeiros devem fazê-lo aos 70. Não seria útil criar limitadores etários para candidatos à presidência?
O Biden, nos Estados Unidos, está cada dia mais debilitado e mesmo assim teima em disputar a próxima eleição, embora já esteja com 81 anos. Seu opositor Donald Trump nascido em 1945, caso vença o pleito terminará o governo com 82. O Lula, que teima em se candidatar em 2026, concluirá o atual mandato com 81anos e chegaria com 85 ao fim do Lula-4.
Se ele tá vacilando agora, imaginem em 2030.Renato de Paiva Pereira
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